Publicado em: 10/05/2025
Aumento nas denúncias e a gravidade dos casos
Desde 2023, comunidades de ódio que incitam violência e crimes vêm sendo descobertas no Discord. Nos primeiros três meses de 2025, as denúncias à ONG Safernet aumentaram 172,5% em comparação com o mesmo período de 2024. Em trocas de mensagens analisadas pelas pesquisadoras, criminosos usam o termo "lulz" — derivado de "lol" ("rindo alto", em inglês) — para se referir a atos cruéis, como automutilação ao vivo, transmitidos em chamadas de vídeo marcadas previamente.
Hierarquia e métodos de recrutamento
Esses grupos, chamados de "panelas", possuem uma estrutura hierárquica, com um líder responsável por recrutar membros por meio de links restritos. No entanto, esses convites podem vazar e se espalhar por outras redes. Jovens são coagidos a escrever nomes de servidores ou membros no próprio corpo com objetos cortantes, sendo que lesões em áreas como rosto e pescoço são mais valorizadas. Segundo o delegado federal Flávio Rolim, da Urcod, já foram identificadas transações via Pix e criptomoedas.
Riscos e consequências do financiamento dessas práticas
O delegado alerta para o perigo da monetização desses crimes: "Quando há fluxo financeiro, surgem pessoas dispostas a produzir e vender esse conteúdo, mesmo que odeiem o que fazem". Além da automutilação, meninas são submetidas a estupros virtuais, obrigadas a mostrar partes íntimas ou introduzir objetos afiados, enquanto outras vítimas sofrem com consumo de substâncias tóxicas, queimaduras e espancamentos.
Ações das autoridades e o papel das plataformas
Operações policiais recentes, como as realizadas em São Paulo e no Rio de Janeiro, mostram a dimensão do problema. Em abril, a polícia fluminense desarticulou uma organização criminosa que propagava nazismo, exploração infantil e maus-tratos a animais. O Discord reitera sua política de "tolerância zero" a atividades ilegais, afirmando banir servidores e colaborar com autoridades. No entanto, como ressalta o delegado Rolim, o problema vai além da moderação: "É o conjunto — crescimento de extremistas online, facilidade de acesso e o abandono de jovens no ambiente digital".
A urgência de uma resposta ampla
Enquanto plataformas e autoridades buscam combater esses crimes, a exposição de jovens a riscos graves exige atenção imediata de famílias, educadores e políticas públicas. O relatório das pesquisadoras e as investigações em curso evidenciam que, sem uma atuação coordenada, essas comunidades continuarão explorando a vulnerabilidade de menores em troca de lucro e violência.