Publicado em: 20/05/2025
Salitre, Ceará- O setor avícola cearense respira com a cautela de quem sabe que a ameaça pode estar mais perto do que se imagina. Enquanto o Rio Grande do Sul já lida com o impacto de casos confirmados de gripe aviária em granjas comerciais, o Ceará mantém o status de livre da doença, mas com um olhar atento e uma investigação em andamento que colocam a pequena cidade de Salitre, no Cariri, sob os holofotes da vigilância sanitária.
A suspeita recai sobre uma criação de subsistência — aquelas aves de fundo de quintal, tão comuns no interior. Essa é a diferença crucial em relação aos casos que já geraram embargos internacionais aos produtos brasileiros. No entanto, a Agência de Defesa Agropecuária do Ceará (Adagri) e o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) não relaxam: aqui, a prevenção é a palavra de ordem.
O Que Aconteceu em Salitre?
Uma síndrome que pode indicar a presença do vírus H5N1 foi detectada em aves na zona rural de Salitre. Duas aves, uma galinha comum e um capote (galinha d'angola), apresentaram sintomas e foram testadas. Amostras foram coletadas e enviadas para um laboratório oficial do Ministério da Agricultura em São Paulo. O resultado desses exames é ansiosamente aguardado para confirmar ou descartar a infecção pela gripe aviária.
A Adagri já interditou o local da criação, agindo de forma rápida para isolar qualquer risco potencial. Essa é a rotina de quem lida com a sanidade animal: qualquer notificação de perda de mais de 10% do plantel, mesmo que seja em criações pequenas, é imediatamente investigada. O objetivo é evitar a disseminação e proteger o status de "livre de gripe aviária" que o Ceará, e o Brasil em geral para granjas comerciais, tanto prezam.
Por Que Tanta Atenção?
A confirmação da gripe aviária em uma granja comercial no Rio Grande do Sul já gerou impacto econômico significativo, levando países como Uruguai, México, Chile, Argentina, União Europeia e China a suspenderem a compra de frango e ovos brasileiros. Manter o Ceará livre de novos focos, especialmente em granjas comerciais, é crucial para a cadeia produtiva e para a economia do estado.
Embora o risco para humanos seja considerado baixo pelo consumo de carne e ovos, a doença é altamente letal para as aves e sua propagação descontrolada pode ter consequências devastadoras para a avicultura.
Enquanto os resultados de Salitre não chegam, a Agência de Defesa Agropecuária do Ceará (Adagri) reforça as medidas de biossegurança em todas as criações do estado. A ordem é clara: redobrar os cuidados, notificar qualquer sintoma suspeito e seguir rigorosamente os protocolos de higiene. O Ceará está em alerta, mas também em ação, mostrando que a sanidade animal é um compromisso inegociável. A expectativa é que, em breve, a situação em Salitre seja esclarecida e o estado possa manter seu status de liberdade da doença.