Publicado em: 20/05/2025
O Supremo Tribunal Federal (STF) virou o centro das atenções nesta terça-feira (20), com o início dos depoimentos do primeiro grupo de testemunhas na ação penal que investiga a suposta "trama golpista" contra a democracia brasileira. Este é um passo fundamental e aguardado com grande expectativa, que promete lançar luz sobre as articulações para subverter o resultado das eleições de 2022.
A investigação, que já resultou na denúncia e tornada ré de oito pessoas – incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, generais de alta patente e ex-ministros –, entra agora em uma fase de produção de provas, onde a versão dos fatos será confrontada com o que as testemunhas têm a dizer.
Ao todo, 82 testemunhas foram arroladas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e pelas defesas dos acusados. Os depoimentos, que estão sendo realizados por videoconferência e devem se estender até o dia 2 de junho, são conduzidos por um juiz auxiliar do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.
Entre os primeiros a depor estão figuras-chave como os ex-comandantes do Exército, General Marco Antônio Freire Gomes, e da Força Aérea Brasileira (FAB), Brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior. Ambos são esperados para esclarecer pressões e supostas articulações que teriam ocorrido dentro das Forças Armadas para apoiar um plano golpista. Freire Gomes, inclusive, já teria sido advertido durante seu depoimento por Moraes ao ser questionado sobre supostas contradições.
Outros nomes importantes, como o ex-coordenador de Inteligência da PRF, Adiel Pereira Alcântara, e o ex-vice-presidente Hamilton Mourão, também estão na lista de depoentes, assim como políticos e servidores públicos. O depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, que fechou um acordo de colaboração premiada (delação), também será fundamental e deve ocorrer em breve.
Essa etapa de instrução penal é crucial. Não se trata ainda do julgamento final, mas da fase em que a acusação busca corroborar as provas já coletadas na investigação inicial, enquanto as defesas tentam contestá-las. A expectativa é que o julgamento que definirá a condenação ou absolvição dos réus aconteça ainda em 2025.
Os acusados respondem por crimes como organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
A tensão é alta e cada depoimento é acompanhado de perto, pois pode trazer novas revelações capazes de alterar os rumos do processo. O STF reafirma seu papel na defesa da Constituição e na busca pela verdade em um dos episódios mais delicados da história recente do Brasil. O país acompanha cada passo desse inquérito, que é um verdadeiro teste para a solidez das instituições democráticas