Publicado em: 27/05/2025
Ex-diretor da PRF confirma blitz no Nordeste, mas nega fiscalização de eleitores
Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), Djairlon Henrique Moura, ex-diretor de operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), admitiu a realização de blitze em ônibus com destino ao Nordeste antes do segundo turno das eleições de 2022, mas negou que o objetivo fosse controlar o transporte de eleitores. Segundo ele, as fiscalizações, ordenadas pelo então ministro da Justiça Anderson Torres, visavam apenas verificar irregularidades nos veículos.
Operação ocorreu dias antes da votação
Moura afirmou que as inspeções aconteceram entre 21 e 27 de outubro, dias antes do pleito, e que mais de 60% dos ônibus foram liberados em menos de 15 minutos. "Em momento algum foi fiscalizado se o transporte de eleitores estava autorizado ou não", declarou. No entanto, ele reconheceu que a ação foi motivada por suspeitas de transporte irregular de eleitores com recursos financeiros, já investigados pela Polícia Federal.
Contexto das fiscalizações e suspeitas
O ex-diretor reforçou que a operação foi encerrada antes do dia da eleição (30 de outubro) e que o foco era verificar possíveis irregularidades, como veículos em más condições ou envolvimento em esquemas de compra de votos. Ainda assim, a coincidência do período com o fluxo de eleitores levantou questionamentos sobre a real intenção das blitze, especialmente diante de denúncias de obstrução ao direito de voto.
STF retoma depoimentos sobre possível tentativa de golpe
A Primeira Turma do STF retomou os depoimentos no processo que investiga uma suposta tentativa de golpe após as eleições de 2022. A expectativa é ouvir mais de 50 testemunhas, incluindo ex-ministros do governo Bolsonaro. Relacionadas a Anderson Torres, 26 depoentes devem ser ouvidos até sexta-feira (30), todos indicados pela defesa do ex-ministro. O caso ganha ainda mais relevância diante das acusações de uso de aparato estatal para interferir no processo eleitoral.
Implicações e próximos passos
As declarações de Moura reforçam a tese da defesa de que não houve intenção de coibir votos, mas a proximidade das ações com a eleição mantém o debate sobre abuso de poder. Enquanto o STF avança nas investigações, a sociedade aguarda respostas sobre a extensão das supostas irregularidades e seu impacto na democracia brasileira.