Itamaracá é ilha quer ser "principal destino turístico do Nordeste" - Pagenews

Itamaracá é ilha quer ser "principal destino turístico do Nordeste"

Publicado em: 06/04/2025

Itamaracá é ilha quer ser "principal destino turístico do Nordeste"
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O futuro de Itamaracá: ilha quer ser "principal destino turístico do Nordeste" com novos investimentos imobiliários


A ilha de Itamaracá, que em Tupi Guarani significa "pedra que canta", já foi musa inspiradora de canções de Reginaldo Rossi e Lia de Itamaracá. Durante décadas, foi o destino de veraneio mais cobiçado de Pernambuco, até ser ofuscada pelo crescimento acelerado de Porto de Galinhas e do Litoral Sul. O tempo, no entanto, não foi generoso: a ilha passou por um prolongado processo de abandono, com falta de investimentos, infraestrutura deficiente e a estigmatização trazida pela presença de penitenciárias. Agora, tenta reencontrar seu caminho e reconquistar seu lugar de destaque no mapa turístico do Nordeste.


A desativação de unidades prisionais na região, um pedido antigo da população local e dos empreendedores, foi finalmente anunciada. Para Avelar Loureiro Filho, diretor executivo do trade turístico do Litoral Norte, esse é um marco importante dentro de um projeto maior que visa transformar a realidade não apenas de Itamaracá, mas também de Igarassu, Paulista e outros municípios vizinhos. “Não vamos reverter décadas de descaso da noite pro dia, mas passos concretos estão sendo dados. A saída das penitenciárias é simbólica: é como tirar um véu da frente da paisagem”, reforça Avelar.


Nova realidade para a ilha passa por Vila Velha


Mas não basta retirar estruturas do passado: é preciso planejar o futuro. A chegada de novos empreendimentos turísticos e imobiliários depende diretamente da elaboração de um Plano Diretor, ainda pendente, que defina os modelos construtivos adequados à ilha. A proposta não é repetir erros do passado com construções agressivas ao meio ambiente ou à identidade local. A aposta é em um turismo mais sofisticado, de menor impacto e alto valor agregado. “Pela natureza da ilha, não cabe megaestruturas. O que vislumbramos são pousadas de charme, projetos que combinem sustentabilidade, tradição e conforto”, explica o diretor.


O epicentro dessa transformação deve ser Vila Velha — região que engloba comunidades como Fazendas Nossa Senhora da Conceição, Salinas, São Judas Tadeu, e os sítios Carmelo, Joque e Paripede. Protegida por lei estadual e considerada um sítio arqueológico dentro da Área de Proteção Ambiental de Santa Cruz, Vila Velha desponta como a nova joia a ser lapidada no Litoral Norte. A área, com vista privilegiada para a Coroa do Avião, tem 600 hectares disponíveis que podem abrigar uma nova geração de empreendimentos hoteleiros.


Investimentos estruturais: o início de uma nova trilha


O governo de Pernambuco começou a se movimentar. Já foram anunciados investimentos de R$ 1,3 milhão na recuperação da Ponte de Vila Velha, parte da histórica Trilha dos Holandeses, além de obras na PE-001 (R$ 9 milhões) e na PE-035 (R$ 25 milhões), que conectam a ilha ao continente. São obras que, para além do asfalto, representam a costura de um novo tecido urbano e turístico.


Potencial de todo o Litoral Norte


Segundo estimativas do trade turístico, a próxima década pode movimentar até R$ 10 bilhões em investimentos no Litoral Norte, somando resorts, hotéis e infraestrutura de apoio ao turismo. A expectativa é que as cidades de Paulista (especialmente Maria Farinha) e Igarassu (região de Nova Cruz) recebam os primeiros grandes empreendimentos até 2026, funcionando como âncoras para o redesenho da costa norte pernambucana. Em Maria Farinha, os projetos serão de alta densidade; em Nova Cruz, de densidade média. A Coroa do Avião, símbolo turístico da região, também deve passar por requalificação em breve, com ordem de serviço prestes a ser emitida.


Os dados de Itamaracá


Segundo dados oficiais de 2022, Itamaracá contava com 24.540 habitantes e uma densidade demográfica de 371 habitantes por km², sendo a 15ª mais densa entre os 185 municípios de Pernambuco. Com uma área total de 66,146 km², apenas 12,20 km² estão urbanizados — e um preocupante 0,2% das vias públicas têm urbanização formal. Os números escancaram o desafio: o déficit estrutural ainda é gritante, e qualquer sonho de se tornar “o principal destino turístico do Nordeste” exige, antes, resolver pendências básicas de planejamento urbano, mobilidade e preservação.


O futuro da ilha mágica está em aberto. O momento é de decisão. Ou seguimos cantando a pedra como profecia de um recomeço... ou assistimos mais uma vez a música silenciar diante da ausência de ação concreta.

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