PF desencadeia 8ª fase da Operação Sisamnes contra esquema milionário de corrupção

PF desencadeia 8ª fase da Operação Sisamnes contra esquema milionário de corrupção
Nesta quinta-feira (29), a Polícia Federal deflagrou a oitava etapa da Operação Sisamnes, que investiga um sofisticado esquema de venda de sentenças judiciais nos tribunais de Mato Grosso e no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Com buscas em três endereços no estado, as investigações avançam sobre crimes de corrupção e lavagem de dinheiro que envolvem valores milionários.

STF determina bloqueio de R$ 30 milhões e medidas restritivas
O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a operação e determinou medidas rigorosas: bloqueio de bens e contas dos investigados até R$ 30 milhões, recolhimento de passaportes e o afastamento do juiz Ivan Lúcio Amarante, da comarca de Vila Rica (MT). O magistrado já estava afastado por decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Os desembargadores Sebastião de Moraes e João Ferreira Filho, do TJ-MT, também estão entre os principais investigados e usam tornozeleiras eletrônicas.

Esquema milionário de propinas e lavagem de dinheiro
As investigações revelam um esquema bem estruturado para dissimular pagamentos de propinas em troca de decisões judiciais favoráveis. Segundo a PF, o grupo criminoso contava com lobistas, empresários, advogados e até servidores do Poder Judiciário para operacionalizar a corrupção. Um dos alvos foi o ex-presidente da OAB-MT, Ussiel Tavares, que nega qualquer irregularidade.

Conexão com assassinato e possível ameaça a autoridades
A fase mais recente da operação prendeu cinco suspeitos pelo assassinato do advogado Roberto Zampieri, conhecido como "lobista dos tribunais", cujas mensagens no celular deram início às investigações. A PF descobriu que os acusados fazem parte de uma organização criminosa especializada em espionagem e execuções sob encomenda. Uma lista com nomes de ministros do STF e parlamentares, além de valores para possíveis atentados, foi apreendida, elevando o nível de gravidade do caso.

Cronologia de uma investigação que expõe falhas no Judiciário
A Operação Sisamnes, iniciada em 2023, já passou por sete fases anteriores, com prisões de empresários, servidores e lobistas. Em uma das etapas, a PF desbaratou uma rede de vazamento de informações sigilosas do STJ, enquanto em outra focou na lavagem de dinheiro proveniente das propinas. O nome da operação remete à mitologia persa, em referência ao juiz Sisamnes, que foi punido por aceitar suborno para proferir sentenças injustas – um paralelo direto com os crimes investigados.

Impacto institucional e reforço no combate à corrupção
O caso expõe vulnerabilidades no sistema judiciário e levanta questionamentos sobre a integridade de decisões que podem ter afetado processos relevantes. Enquanto o STJ afirma que nenhum ministro tinha conhecimento das irregularidades, a PF segue aprofundando as investigações, que agora incluem até ameaças a autoridades. A operação reforça a necessidade de mecanismos mais rígidos de controle e transparência no Poder Judiciário.