Publicado em: 06/04/2025
Afastar o smartphone não é suficiente para evitar a procrastinação, revela estudo
Manter o celular longe durante o trabalho pode reduzir seu uso, mas não elimina as distrações. Pesquisadores descobriram que, sem acesso ao smartphone, as pessoas simplesmente transferem a procrastinação para o computador, mantendo o mesmo nível de dispersão. O problema, segundo especialistas, não está apenas no dispositivo, mas nos hábitos profundamente enraizados que nos levam a buscar distrações constantemente.
Por que o celular não é o único vilão?
Um estudo recente da Frontiers in Computer Science, conduzido por Maxi Heitmayer da London School of Economics, analisou como as pessoas se comportam quando o smartphone é removido do ambiente imediato. Os resultados mostraram que, mesmo com o aparelho a 1,5 metros de distância, os participantes continuaram procrastinando — agora no laptop. "O problema não está no dispositivo em si, mas nos hábitos que desenvolvemos", explica Heitmayer. Dados do estudo indicam que 89% das interações com o celular são autoiniciadas, reforçando que a distração é mais um reflexo de rotinas do que de notificações.
O computador vira escape quando o celular some
Em um experimento controlado, 22 participantes trabalharam em uma sala isolada, com e sem acesso fácil ao smartphone. Quando o aparelho estava distante, o tempo gasto em distrações simplesmente migrou para o computador. "As pessoas buscam entretenimento ou desconexão de qualquer forma", afirma o pesquisador. O celular, no entanto, ainda é a ferramenta preferida — por ser portátil, tátil e centralizar redes sociais, mensagens e entretenimento.
Como resistir à tentação da distração?
Heitmayer defende uma abordagem mais ampla do que apenas afastar o dispositivo. "Precisamos de literacia da atenção desde cedo", sugere, destacando a importância de aprender a gerenciar o foco. Estratégias como silenciar notificações ou agendá-las para horários específicos podem ajudar, mas o desafio maior está em quebrar o ciclo de checagens automáticas. "Sempre que há uma pausa, as pessoas instintivamente pegam o celular", observa.
Limitações e próximos passos
O estudo, embora relevante, teve uma amostra pequena e foi realizado em ambiente controlado. Heitmayer ressalta a necessidade de replicar a pesquisa com grupos mais diversos e em contextos reais de trabalho. Enquanto isso, uma coisa é clara: combater a procrastinação exige mais do que esconder o smartphone — é preciso reprogramar nossos hábitos de atenção.