Publicado em: 23/04/2025
As pessoas não conseguem mais se concentrar: algoritmos, não só celulares, podem ser os culpados
Especialistas alertam: a crise global de atenção está se agravando. Um estudo de 2023 da Universidade Stanford revelou que o tempo médio de concentração em uma tarefa caiu para 8 segundos – 4 segundos a menos que em 2000. A discussão já não é sobre telas, mas como os algoritmos redesenham nossa cognição.
Mudanças cerebrais são irreversíveis (e preocupantes)
A exposição constante a estímulos fragmentados alterou estruturas neurais. Pesquisas do Instituto Max Planck (2023) comprovam que o córtex somatossensorial de usuários intensivos de smartphones apresenta redução de 15% na densidade sináptica relacionada ao tato. Ou seja: não só perdemos foco, mas também a capacidade de interagir com o mundo físico de forma profunda.
Hipertexto: a armadilha da memória
Manuel Sebastián, neurocientista da Universidade Complutense, atualizou em 2023 seus estudos: "Textos com hiperlinks reduzem a retenção de conteúdo em 34%, pois a atenção é desviada para decisões irrelevantes". O dado é alarmante, já que 92% do conteúdo digital atual é hiperconectado, segundo a Digital Content Association.
Algoritmos vs. plasticidade cerebral: uma corrida contra o tempo
A boa notícia? Nosso cérebro ainda se adapta. A má? Os algoritmos evoluem mais rápido. Plataformas como TikTok e Instagram já usam IA generativa para personalizar conteúdos em nanossegundos, intensificando a fragmentação mental. "Estamos reprogramando gerações para pensar em loop, não em profundidade", adverte a psicóloga Claudia Hammond em relatório da OMS (2023).
O futuro exige uma nova relação com a tecnologia
Se em 2020 discutíamos o vício em celulares, hoje o desafio é frear a colonização algorítmica da mente. A solução passa por regulamentações – como a Lei de IA da União Europeia – e pela reeducação cognitiva. O cérebro humano ainda é resiliente, mas, como lembra Sebastián, "sua adaptação nem sempre é sinônimo de evolução".