Publicado em: 30/03/2025
Pesquisa revela divisão histórica sobre julgamento de Bolsonaro
Uma pesquisa AtlasIntel, encomendada pela CNN, expõe a profunda polarização no Brasil: 49,9% dos entrevistados acreditam que não há perseguição política a Jair Bolsonaro, contra 48,6% que defendem a tese. Os dados, coletados entre 25 e 27 de março com 1.613 pessoas (margem de erro de 2 pontos), refletem um país cindido diante do julgamento do ex-presidente pela Primeira Turma do STF.
Impacto do julgamento: incerteza e tensão institucional
Quase metade (49,9%) avalia que o processo terá impacto negativo na política brasileira, enquanto 49,4% veem efeitos positivos. A divisão se repete na percepção de imparcialidade: 50% confiam na neutralidade do STF, mas 41,5% acusam viés político entre os ministros. Os números sugerem um desafio à legitimidade do Judiciário, com apenas 4,4% admitindo "parcialidade moderada".
Penas do 8 de janeiro: maioria critica excesso
Para 51,7% dos brasileiros, as condenações dos envolvidos na invasão de 2023 são excessivas – caso emblemático é o de Débora Rodrigues, condenada a 17 anos por pichar a estátua da Justiça. Apenas 31,8% consideram as penas adequadas, e 16,4% pedem punições mais duras. O dado revela um abismo entre a interpretação jurídica e a percepção popular, mesmo após 15 meses do episódio.
Especialista alerta: comunicação clara é urgente
Camilo Rabelo, economista-chefe da AtlasIntel, destaca a necessidade de transparência: "A fundamentação das decisões é complexa. Uma comunicação didática é crucial para aproximar a Justiça da população". Ele reconhece que 66% dos brasileiros esperam a condenação de Bolsonaro, mas ressalta: "O caso é um marco para a democracia, com impactos duradouros na confiança nas instituições".
Riscos de uma narrativa fragmentada
A pesquisa evidencia que a polarização não se limita ao debate político – contamina também a interpretação da Justiça. Enquanto o STF se prepara para decisões históricas, a falta de consenso sobre sua imparcialidade (50% × 41,5%) acende um alerta: sem diálogo eficaz, o risco de erosão institucional cresce. Em um cenário onde até a legalidade é questionada, o maior julgamento da década pode definir não só o futuro de um político, mas o destino da coesão social no Brasil.