Turismo de brasileiros na Argentina tem maior queda desde a pandemia
A crise no turismo argentino atinge um novo patamar. Com o país cada vez mais caro e o peso valorizado, a Argentina deixou de ser um destino atrativo para os brasileiros. Dados recentes do Instituto Nacional de Estatística e Censo (Indec) apontam que o número de turistas brasileiros caiu 42,8% em fevereiro de 2024, comparado ao mesmo período do ano passado. Entre os que chegam de avião, a queda foi ainda mais expressiva: 60%.
Se excluídos os anos de pandemia, quando as fronteiras estavam fechadas, essa é a pior retração do turismo brasileiro na Argentina nos últimos seis anos. E a tendência negativa não afeta apenas os brasileiros. Turistas uruguaios recuaram 49,6%, enquanto os chilenos diminuíram em 42,8%. No total, o fluxo de visitantes estrangeiros caiu 30,7% em fevereiro, considerando chegadas aéreas, marítimas e terrestres.
Crise no setor e tentativa de reação
O impacto no turismo preocupa o governo de Javier Milei. A Secretaria de Turismo, Ambiente e Esportes, liderada por Daniel Scioli, busca soluções emergenciais para conter o colapso do setor. Entre as medidas, a estatal Aerolíneas Argentinas reduziu o preço de passagens entre São Paulo e Buenos Aires para cerca de R$ 1.600 (com taxas) e passou a oferecer voos internos por cerca de R$ 300.
Companhias de baixo custo, como a JetSmart, abriram novas rotas diretas do Brasil, enquanto a Azul ampliou a oferta de voos para Bariloche. No entanto, essas estratégias podem não ser suficientes para reverter a fuga de turistas.
Peso valorizado e brasileiros cortando gastos
O que antes era um paraíso de compras e gastronomia barata para os brasileiros agora se tornou um destino de custo elevado. Com a valorização do peso argentino e a redução da diferença entre o dólar “blue” e o oficial, as vantagens cambiais praticamente desapareceram. Comer fora deixou de ser uma opção trivial, e cada gasto passou a ser calculado.
Enquanto o turismo receptivo argentino sofre, o turismo emissivo se fortalece. Agora, são os argentinos que buscam destinos como Brasil e Chile, algo impensável há um ano e meio. O cenário reflete a nova política econômica de Milei, que derrubou a inflação para 2,4% ao mês, mas também elevou o custo de vida e reduziu o consumo interno.
A pobreza, que chegou a 53% no primeiro semestre de 2023, deve ter recuado mais de dez pontos percentuais, segundo projeções do Indec. O dado oficial será divulgado na próxima segunda-feira (31 de março).
O turismo na Argentina enfrenta sua maior crise em anos, e as medidas emergenciais do governo ainda não mostraram sinais de recuperação. O cenário é desafiador, e os próximos meses serão decisivos para o setor.