Para prender brasileira Serviço de Imigração usou filhos como isca

EUA: Serviço de Imigração usou filhos como 'isca' para prender brasileira
A prisão da brasileira Rosane Ferreira de Oliveira, de 40 anos, em Worcester (Massachusetts), está causando revolta nos Estados Unidos após revelações de que agentes do ICE (Serviço de Imigração e Alfândega) usaram suas filhas e neto recém-nascido como "isca" para efetuar a captura. O caso, ocorrido na última quinta-feira (8), expõe táticas controversas da política de imigração do governo Trump, que vem sendo amplamente criticada por métodos considerados antiéticos.

A estratégia polêmica do ICE
Sem mandado para entrar na residência da família, os agentes abordaram as filhas de Rosane - Clara, 21 anos, com um bebê de três meses, e uma adolescente de 17 anos - quando saíam de casa. Segundo relatos à revista Rolling Stone, os oficiais ameaçaram prender Clara e alegaram que o bebê ficaria desamparado, já que a irmã menor não poderia assumir a custódia. Em um telefonema desesperado, Clara convenceu a mãe a sair para "resgatar" o neto. Ao chegar ao local, Rosane foi imediatamente detida, enquanto as jovens foram liberadas - sem que os agentes apresentassem qualquer mandado válido.

Criminalização questionável
O Departamento de Segurança Interna dos EUA tentou justificar a ação classificando Rosane como "imigrante ilegal criminosa", citando uma suposta acusação anterior de agressão com arma contra uma mulher grávida. Contudo, a filha Clara negou veementemente as alegações à NBC Boston, levantando dúvidas sobre a veracidade das informações usadas para estigmatizar a mãe. Enquanto isso, a família aguarda respostas sobre o paradeiro de Rosane, que permanece sob custódia imigratória.

O contexto da política Trump
O caso reflete a escalada de medidas agressivas contra imigrantes sob a atual administração, incluindo táticas que muitos consideram desumanas. Organizações de direitos civis alertam que o uso de crianças como instrumento para prisões - prática que já havia sido denunciada durante a crise de separação de famílias na fronteira - agora parece estar sendo adaptado para operações urbanas. Enquanto a comunidade local se mobiliza em apoio à família brasileira, o incidente reacende o debate sobre os limites éticos na aplicação das leis migratórias.

A situação de Rosane ilustra o drama de milhares de imigrantes que, mesmo estabelecidos há anos no país, vivem sob constante ameaça de deportação através de métodos cada vez mais controversos. Seu caso pode se tornar mais um marco na discussão sobre reforma migratória nos EUA.