Publicado em: 03/04/2025
Voa Brasil atinge apenas 1,2% da meta em março e expõe desafios na inclusão aérea
O programa Voa Brasil, que oferece passagens aéreas por menos de R$ 200 para aposentados do INSS, comercializou apenas 3,2 mil bilhetes em março de 2024, totalizando 35,4 mil desde seu lançamento em julho do mesmo ano. O número representa míseros 1,2% da meta de 3 milhões de passagens — um sinal preocupante para a iniciativa que prometia democratizar o transporte aéreo. Apesar da inclusão de destinos como Fernando de Noronha (PE), conhecido por tarifas elevadas, o resultado de março foi o segundo pior mensal da história do programa, segundo dados do Ministério de Portos e Aeroportos.
Custos altos e baixa adesão: o paradoxo da acessibilidade
Embora o ministro Silvio Costa Filho defenda que o objetivo de "incluir novos usuários" está sendo alcançado, especialistas questionam a eficácia do modelo. Dados da ANAC revelam que o preço médio das passagens domésticas no Brasil é de R$ 450, e mesmo com descontos, a adesão ao Voa Brasil permanece tímida. Para piorar, 82 cidades atendidas pelo programa têm voos majoritariamente em horários de baixa demanda, o que limita o apelo a viajantes eventuais.
Gol lidera vendas, mas Noronha simboliza contradições
A Gol lidera as vendas do programa, com 17 mil passagens, seguida pela Latam (14 mil) e Azul (4,5 mil). A rota para Fernando de Noronha, incluída em março, ilustra um paradoxo: mesmo com tarifas reduzidas, o destino tem ocupação média de 65% na baixa temporada, segundo a Embratur, indicando que o desconto não resolve gargalos como hospedagem cara e logística complexa.
Fase 2 do programa engatinha sem data definida
A promessa de estender o benefício a alunos do Prouni e Fies segue sem prazo, enquanto o Ministério de Portos e Aeroportos e o MEC negociam critérios de elegibilidade. A demora preocupa: segundo o IBGE, 78% dos jovens entre 18 e 24 anos nunca viajaram de avião no Brasil, e a inclusão desse grupo poderia reverter parte da estagnação. Enquanto isso, o Voa Brasil navega em águas turbulentas — entre a retórica governamental e a realidade de um país onde apenas 11% da população usa transporte aéreo regularmente.