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Brasil e Argentina: Equilíbrio de poder continental em jogo

Publicado em: 02/04/2025

Brasil e Argentina: Equilíbrio de poder continental em jogo
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Brasil à beira de marco histórico na Libertadores: equilíbrio de poder continental em jogo


O futebol brasileiro aproxima-se de um feito sem precedentes na Copa Libertadores 2025, com potencial para igualar a Argentina no topo do ranking de países mais vitoriosos da competição. Os sete representantes brasileiros - Botafogo, Flamengo, Palmeiras, São Paulo, Internacional, Fortaleza e Bahia - lutarão pelo 25º título nacional no torneio, número que empataria com o histórico domínio argentino. Esta aproximação evidencia uma dramática mudança nas relações de poder do futebol sul-americano, com implicações profundas para o futuro da competição. 


Domínio brasileiro recente transforma cenário continental


A ascensão brasileira é incontestável e avassaladora: das últimas oito edições, clubes brasileiros conquistaram sete, estabelecendo uma hegemonia sem precedentes. A última vez que um time de outro país ergueu o troféu foi em 2018, quando o River Plate derrotou o Boca Juniors na histórica final de Buenos Aires. Desde então, Flamengo (2019 e 2022), Palmeiras (2020 e 2021), Fluminense (2023) e Botafogo (2024) mantiveram o título em solo brasileiro, transformando a competição quase em um torneio nacional estendido. Esta dominância é ainda mais evidenciada pelas quatro finais exclusivamente brasileiras neste período, cenário impensável há uma década. 


Abismo econômico como raiz da disparidade competitiva


O fator econômico emerge como principal explicação para este desequilíbrio crescente. A comparação entre premiações é reveladora: enquanto o campeão brasileiro recebe R$ 48,1 milhões, a LDU do Equador, campeã da segunda liga mais valiosa do continente, obteve apenas R$ 6,9 milhões – valor sete vezes menor. O Peñarol, tradicional clube uruguaio com 52 títulos nacionais, recebeu meros R$ 5,8 milhões por sua conquista em 2024. Preocupada com esta disparidade que ameaça o interesse pela competição, a Conmebol implementou em 2022 um plano emergencial de fortalecimento das ligas nacionais, destinando anualmente US$ 1 milhão para cada federação membro distribuir como premiação. Entretanto, esta medida mostra-se insuficiente para reduzir significativamente o abismo financeiro, especialmente considerando que o Brasil também recebe este aporte. A batalha pelo equilíbrio competitivo continental permanece como um dos maiores desafios para o futebol sul-americano, enquanto os clubes brasileiros seguem ampliando sua vantagem estrutural e aproximando-se de um marco histórico que pode reconfigurar definitivamente a hierarquia do futebol no continente.

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