Lula alia exemplo pessoal a alerta sobre sedentarismo

Lula alia exemplo pessoal a alerta sobre sedentarismo e defende longevidade ativa como política de saúde pública
Em um vídeo divulgado neste sábado (24), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva transformou sua rotina de exercícios em um manifesto pela saúde coletiva. Aos 79 anos, recuperado de duas cirurgias na cabeça em 2023, Lula corre em uma esteira enquanto afirma buscar "viver até os 120 anos" — meta que, mais do que pessoal, ecoa um desafio nacional: combater o sedentarismo, responsável por 15% das mortes prematuras no Brasil, segundo o Ministério da Saúde (2024).

Exercício físico como dever cívico

"O ser humano precisa mexer o corpo. Cuidar dele depende só de você", declarou Lula, em mensagem que dialoga com dados alarmantes: 47% dos brasileiros são insuficientemente ativos, de acordo com a OMS, colocando o país acima da média global (31%). O presidente, que já enfrentou um câncer de laringe (2011) e recentes intervenções médicas, personifica a resiliência: "Nada é impossível quando queremos".

A postagem integra uma nova estratégia de comunicação da Secom, liderada por Sidônio Palmeira, focada em conteúdo "dinâmico e próximo". A iniciativa busca popularizar não apenas a imagem presidencial, mas pautas urgentes. "Queremos inspirar mudanças de hábito que reduzam os R$ 23 bilhões anuais gastos pelo SUS com doenças ligadas ao sedentarismo", explicou uma fonte do ministério.

Longevidade em foco: entre a ciência e a realidade

A ambição de Lula reflete tendências globais. Estudos do Instituto Buck de Pesquisa em Envelhecimento (EUA) indicam que, com avanços médicos e estilo de vida saudável, humanos podem atingir os 120 anos até 2100. No Brasil, porém, a expectativa de vida atual é de 76,6 anos (IBGE, 2023), com disparidades regionais: enquanto no Distrito Federal chega a 80 anos, no Maranhão não passa de 71.

Para especialistas, o discurso presidencial é simbólico, mas insuficiente sem políticas estruturantes. "Iniciativas como o Programa Academia da Saúde, que ampliou acesso a exercícios em 1.200 municípios, precisam ser retomadas com urgência", afirma Dra. Ana Claudia Quintana, epidemiologista da Fiocruz.

Um recado além das redes

Ao compartilhar sua rotina, Lula não apenas promove bem-estar individual, mas sinaliza prioridades governamentais. Em 2024, o Ministério do Esporte recebeu 23% mais recursos para projetos de incentivo à atividade física, com foco em periferias e idosos.

Enquanto isso, o vídeo viraliza em um país onde 56% dos adultos estão acima do peso. A mensagem é clara: envelhecer com saúde não é um privilégio, mas um direito — e uma responsabilidade compartilhada entre Estado e cidadãos. Como disse Lula, encerrando o vídeo: "Levante, ande, corra. Seu corpo agradece". Um conselho simples, mas cuja adoção em massa poderia reescrever o futuro da saúde brasileira.