Publicado em: 07/03/2025
Racismo no Paraguai: Um Capítulo Antigo que se Repete
Na última quinta-feira (6) em San Lorenzo, o futebol sub-20 voltou a ser palco de um drama que, infelizmente, já é quase um clássico sombrio da história do esporte. Durante a partida entre Palmeiras e Cerro Porteño, o jovem Luighi sofreu não apenas uma cusparada, mas também foi alvo de insultos racistas – sendo chamado de “macaco” por um torcedor. A cena, que arrancou lágrimas e revolta, reaviva um debate antigo sobre a persistência do preconceito no futebol sul-americano.
Após o incidente, Luighi não se conteve: entre lágrimas e o silêncio forçado em entrevistas, o jogador demonstrou o peso da injustiça. Mas ele não estava sozinho. Outro companheiro, Figueiredo, também foi surpreendido por um gesto racista, quando um torcedor, com uma criança nos braços, imitava um macaco em sua direção, reforçando que esse mal já faz parte do passado – e, triste, continua presente no presente.
Em meio a essa atmosfera tóxica, Vini Jr., do Real Madrid, não hesitou em usar sua influência. Em um post no Instagram, ele se posicionou com um tom direto e sem rodeios:
"Parabéns pelo posicionamento, mano. É triste, mas fique forte. Vamos juntos nessa luta. Até quando, Conmebol? Vocês nunca fazem nada. Nunca!"
Esse desabafo não é apenas um grito de apoio a Luighi, mas um alerta para uma Conmebol que, historicamente, tem sido criticada por sua inércia diante de casos semelhantes.
Um Passado que Ecoa no Presente
O episódio de San Lorenzo é só mais um capítulo de uma longa história de racismo no futebol. Desde os primórdios, quando o esporte era marcado por exclusões e insultos abertos, passando por casos emblemáticos em competições continentais, a luta contra o preconceito tem sido uma batalha constante. Apesar dos avanços – e das promessas vazias de “medidas disciplinares” –, episódios como este mostram que, no fundo, a estrutura que deveria proteger os atletas ainda falha em erradicar o ódio.
Clube e entidade não tardaram a se posicionar: o Palmeiras emitiu nota condenando os atos e garantindo que todos os responsáveis serão punidos, enquanto a Conmebol prometeu “medidas disciplinares apropriadas”. No entanto, para muitos, tais declarações soam como ecos de um passado que insiste em se repetir, onde a impunidade alimenta a chama do preconceito.
Entre o Passado e o Futuro
A situação vivida por Luighi e Figueiredo não é apenas um episódio isolado, mas um reflexo de uma luta histórica. Enquanto a memória do passado nos lembra de outras batalhas – muitas já travadas com coragem e, por vezes, com muita dor –, o presente clama por mudanças efetivas. O grito de Vini Jr. ecoa a necessidade de um futuro onde o respeito e a igualdade sejam mais que palavras bonitas em uma nota oficial.
No fim das contas, o futebol, que sempre foi uma paixão compartilhada, carrega em si o potencial de transformar vidas e quebrar barreiras. Mas para isso, é preciso que cada grito de revolta, cada denúncia e cada manifestação de apoio seja convertida em ação concreta. Só assim, com a força de um passado que não se esquece e a esperança de um futuro melhor, o esporte poderá enfim ser o campo de jogo da verdadeira igualdade.