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Ronaldo denuncia centralização na CBF

Publicado em: 23/03/2025

Ronaldo denuncia centralização na CBF
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Ronaldo denuncia centralização na CBF e expõe desafios estruturais do futebol brasileiro
Em um relato contundente sobre o cenário político do futebol nacional, Ronaldo Fenômeno, ex-jogador e empresário, expôs as barreiras sistêmicas que o levaram a desistir da pré-candidatura à presidência da CBF. Em entrevista ao Charla Podcast nesta sexta-feira (21), o bicampeão mundial criticou a falta de transparência nas eleições da entidade e a centralização de poder sob a gestão de Ednaldo Rodrigues, destacando um padrão histórico de exclusão de vozes dissidentes.


"O sistema não deixa ninguém entrar. Historicamente, a CBF nunca teve uma eleição com dois candidatos. Quem está no poder se reelege ou elege o sucessor", afirmou Ronaldo, revelando que, mesmo após enviar propostas oficiais a todas as federações estaduais, recebeu respostas padronizadas de apoio à atual gestão. Segundo ele, 20 federações justificaram a recusa em ouvi-lo com a frase: "Respeitamos sua trajetória, mas estamos alinhados com a excelente gestão do Ednaldo Rodrigues".


O episódio ilustra uma crise de governança que vai além do futebol. Dados da Transparency International (2023) apontam que 68% dos brasileiros desconfiam das instituições esportivas, reflexo de escândalos recorrentes de má gestão. Ronaldo ainda destacou que a centralização de decisões na figura do presidente da CBF paralisa a inovação: "As pessoas na CBF não conseguem trabalhar. Tudo é muito centralizado, e quem entra acaba saindo ou ficando escanteado".


Propostas e desafios econômicos
Entre as soluções apresentadas, o ex-atacante defendeu a padronização dos campeonatos estaduais — reduzindo-os para sete jogos por time — e a modernização de gramados. "Juntando 20 clubes, o preço [do gramado sintético] cai. Todo mundo gastaria menos e teria qualidade", explicou, criticando arenas multiúso que priorizam shows em detrimento do esporte.


Ronaldo também reforçou a necessidade de expandir as SAFs (Sociedades Anônimas do Futebol), modelo que já preside no Valladolid (Espanha). "Todos os clubes [brasileiros] terão que adotar as SAFs para pagar dívidas e serem competitivos", afirmou, destacando que o futebol responde por apenas 0,7% do PIB brasileiro, contra 2,5% a 3% em países como Inglaterra e França — dado confirmado pelo IBGE (2023).


Seleção e futuro: entre críticas e esperanças
Sobre a seleção brasileira, Ronaldo apontou a falta de liderança da CBF como um obstáculo, mas endossou a busca por Carlo Ancelotti: "Super na hora de termos um técnico estrangeiro". Revelou ainda ter intermediado conversas com o italiano, descartando "fantasias" sobre o processo. Quanto a Neymar, defendeu que o astro pode brilhar na Copa de 2026, desde que priorize "comer, treinar e dormir" para evitar lesões.


A CBF optou por não comentar as declarações, mantendo silêncio que, para analistas, reflete a resistência a mudanças. Enquanto isso, Ronaldo promete continuar vocal: "Não vou tacar pedra. Vou expor ideias para melhorar o futebol". Suas críticas ecoam em um momento crucial: segundo a FIFA, apenas 12% das federações globais têm processos eleitorais considerados transparentes — um alerta para que o Brasil repense suas estruturas antes que a crise se torne irreversível.

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