Barão de Studart: uma avenida em busca de sua nova identidade

Barão de Studart: uma avenida em busca de sua nova identidade
A avenida Barão de Studart, tradicional corredor da área nobre de Fortaleza, vive um momento de transição entre seu passado comercial e um presente de incertezas. Seus 3,3 km entre as avenidas Pontes Vieira e Beira-Mar revelam marcas de outrora - como a lendária loja Romcy - contrastando com espaços vazios e estabelecimentos que resistem à mudança de hábitos dos consumidores e às transformações urbanas.

O declínio gradual de uma via histórica
O fechamento de grandes marcas como Romcy, Hiper Mercantil e, mais recentemente, Carrefour em 2023, deixou marcas profundas na paisagem econômica da avenida. O Hiper Mateus, que prometia reviver o local, mantém suas obras paralisadas desde 2023, tornando-se um "elefante branco" no coração da Aldeota. Comerciantes como Evandro Corrêa, da banca de jornais que opera desde 1981, e o vendedor ambulante José Edinardo testemunham diariamente a redução do fluxo de pessoas e a mudança no perfil do comércio local.

Vítima das transformações urbanas e digitais
A Barão de Studart sofre com um duplo movimento: a migração do comércio para outras áreas e o impacto da digitalização. "Estamos praticamente extintos", lamenta Evandro, cuja banca de jornais simboliza um modelo de negócios ameaçado pela era digital. O vendedor José Edinardo, que chegou em 2020, já sente as consequências: "Depois que fechou o Carrefour e a Caixa, percebo uma queda brusca no movimento".

A vocação de serviços em busca de renovação
Especialistas como Christian Avesque, professor da Faculdade CDL, apontam que a avenida precisa abraçar sua verdadeira vocação: "Um hub de serviços familiares". Com a presença de torres empresariais como a Quixadá, sedes de instituições como a FIEC, e diversos consultórios médicos, a Barão de Studart pode se reinventar como um "grande strip mall" - um espaço multifuncional que una comércio especializado e serviços de alto padrão.

Entre o passado e o futuro
Enquanto o Grupo Mateus não define quando retomará as obras do hipermercado, a avenida vive um momento decisivo. Seu potencial permanece, graças à localização privilegiada e infraestrutura, mas exige um novo olhar urbanístico e comercial. Como reflete Juraci Teles, que trabalhou décadas no local: "Era mais tranquilo, o comércio funcionava melhor. Hoje a decadência é praticamente total". Resta saber se a Barão de Studart conseguirá escrever um novo capítulo em sua história ou se permanecerá nostálgica de um passado que não volta mais.