Publicado em: 30/03/2025
Caminhoneiro constrói e distribui abrigos para animais de rua: um gesto de resistência contra o abandono
A realidade dos animais abandonados no Brasil é alarmante: segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 30 milhões de cães e gatos vivem nas ruas do país, expostos a riscos como maus-tratos, doenças e condições climáticas extremas. Diante desse cenário, ações como a de Leomar Aparecido Miguel, de 45 anos, ganham urgência e inspiração.
De caminhoneiro a protetor: a história de Leomar
Trabalhando como caminhoneiro durante a semana, Leomar dedica suas horas livres a construir abrigos para animais em situação de vulnerabilidade em São José do Rio Preto (SP). Movido pela compaixão após testemunhar cães e gatos sofrendo com chuva, calor e frio intensos, ele iniciou o projeto “Semeadores do Bem Pet”, que já distribuiu 235 casinhas em pouco mais de um ano. “Não é só um teto, é uma chance de dignidade”, afirma.
O projeto que desafia a indiferença
Cada casinha é feita com materiais doados por empresas e colaboradores, mas, em muitos casos, Leomar assume os custos sozinho, utilizando recursos próprios para comprar telhas, pregos e combustível. O trabalho é realizado após longas jornadas de estrada, geralmente aos fins de semana. Apesar das dificuldades, como o rompimento do rolamento do pneu de sua carretinha durante uma entrega sob chuva, ele persiste: “Nada me impede de continuar”.
Impacto real: vidas transformadas
Tainá Gabriela Romera, 29 anos, cuidadora de animais no bairro Edson Baffi, relata a mudança após receber uma das casinhas: “A cachorrinha e seus filhotes finalmente têm segurança”. Os abrigos, resistentes e bem estruturados, reduzem riscos de hipotermia, desidratação e ataques de outros animais. Para protetores como Tainá, a iniciativa não é apenas um alívio logístico, mas um gesto de esperança.
Um chamado à consciência coletiva
Apesar do esforço hercúleo, o projeto enfrenta desafios crônicos: a demanda por casinhas supera a capacidade de produção, e a dependência de doações limita a expansão. Enquanto isso, o abandono de animais cresce — só em 2023, o IBGE registrou um aumento de 15% nos casos em São José do Rio Preto. Leomar segue resiliente, mas sua história expõe uma lacuna gritante: a necessidade de políticas públicas efetivas e engajamento social para combater o problema.
Em um país onde 85% dos municípios não possuem abrigos oficiais para animais, segundo a Associação Brasileira de Veterinários, iniciativas como a de Leomar são faróis em meio à escuridão. Sua luta diária não apenas salva vidas, mas desafia a sociedade a repensar sua responsabilidade para com os mais vulneráveis.