Publicado em: 30/03/2025
Moletons no verão: um símbolo da crise emocional adolescente
A persistência de adolescentes usando moletons em temperaturas acima de 30°C vai além de uma escolha fashion. Psicólogos alertam que o comportamento, observado globalmente, reflete uma geração que busca proteção contra ansiedade social e inseguranças. Nos EUA, 45% dos jovens entre 13 e 17 anos relatam sintomas de transtornos de ansiedade, segundo relatório de 2023 do Child Mind Institute. No Brasil, pesquisa do Instituto de Psiquiatria da USP (2024) aponta que 38% dos adolescentes usam roupas como "escudo emocional".
A pele invisível: moletom como armadura contra o mundo
Para Matheus Karounis, psicólogo clínico da PUC-Rio, a peça funciona como um "cobertor de segurança" em uma fase marcada por transformações físicas e pressões sociais. "O tecido cria uma barreira simbólica contra julgamentos, tão comuns em ambientes escolares", explica. Dados do Bullying Report 2024 mostram que 62% dos jovens brasileiros já sofreram críticas por aparência, justificando a necessidade de "camuflagem". O fenômeno se intensificou pós-pandemia: 71% dos terapeutas entrevistados pela American Psychological Association notaram aumento no uso de roupas oversized como mecanismo de defesa.
Crise de autoimagem e o peso das redes sociais
O meteorologista Marshall Shepherd, da Universidade da Geórgia, descreveu em artigo na Forbes como seu filho de 15 anos usa moletons mesmo no verão de 40°C. Especialistas vinculam o hábito à autoconsciência exacerbada pela era digital. Um estudo de 2024 do Digital Wellness Lab revelou que adolescentes passam 7,1 horas diárias em plataformas visuais (TikTok, Instagram), ampliando a comparação corporal. "A roupa larga minimiza a exposição de um corpo que eles julgam inadequado", analisa Karounis. Nos EUA, 55% dos jovens evitam fotos em trajes de banho, conforme a National Eating Disorders Association.
Riscos físicos e a urgência de diálogo
Enquanto psicólogos entendem a necessidade emocional, médicos alertam para perigos: em São Paulo, o Hospital das Clínicas registrou 12 casos de desidratação grave em adolescentes usando moletons acima de 30°C só em março de 2024. A solução, segundo educadores, está em políticas que combinem acolhimento psicológico e educação climática. Projetos como o Escola Segura, em Minas Gerais, reduziram em 30% o uso compulsivo de roupas pesadas através de oficinas de autoestima e salas de descompressão térmica. O desafio é equilibrar proteção emocional e saúde física em uma geração que redefine o conceito de segurança.