Publicado em: 25/03/2025
Vinho na medida certa: benefícios exigem moderação, alertam especialistas
O vinho tinto, celebrado por seus compostos benéficos ao coração, divide opiniões entre especialistas: enquanto seus polifenóis podem ser aliados da saúde, o consumo excessivo abre portas para riscos silenciosos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece como limite seguro até uma dose diária (90 ml de tinto ou 125 ml de branco) para mulheres e duas para homens. Mas, como lembra o cirurgião vascular Ivan Casella, da SBACV-SP, "o álcool é uma faca de dois gumes" — mesmo em quantidades moderadas, pode levar à dependência ou agravar condições pré-existentes.
A nutricionista Débora Strose Villaça, doutora pela UNIFESP, é direta: "Nenhum consumo frequente de álcool é totalmente seguro". Diabéticos, pacientes com doenças hepáticas ou histórico de vício devem evitar a bebida. Para os demais, a chave está na moderação. "O vinho tem polifenóis como o resveratrol, que melhoram o perfil lipídico e reduzem o estresse oxidativo, mas isso não justifica exageros", explica.
Estudos destacam que os polifenóis presentes na casca da uva — especialmente no tinto — atuam como antioxidantes, combatendo inflamações e protegendo células contra danos ligados ao envelhecimento e doenças cardiovasculares. Débora acrescenta que esses compostos também equilibram a microbiota intestinal, favorecendo a absorção de nutrientes. Já Casella ressalta o impacto positivo na resistência à insulina, desde que o consumo seja esporádico e controlado.
Apesar dos benefícios, especialistas concordam: não há dose 100% segura. O álcool, mesmo em pequenas quantidades, aumenta o risco de câncer, doenças hepáticas e cardiopatias em longo prazo. "O resveratrol não anula os malefícios do etanol", alerta Débora. Para quem busca os polifenóis sem o álcool, a sugestão é simples: uvas escuras, suco de uva integral ou até mesmo chocolate amargo são alternativas mais seguras.
Evite completamente se:
Tem diabetes, hepatite, cirrose ou predisposição ao vício;
Está grávida ou amamentando.
Consuma com cautela (e orientação médica) se:
Não tem contraindicações e mantém hábitos saudáveis.
A mensagem final é clara: o vinho pode ser um parceiro ocasional da saúde, mas nunca um hábito incontestável. Como lembra Casella, "a saúde cardiovascular se constrói com exercícios, alimentação balanceada e check-ups regulares — não apenas com uma taça na mão".