Publicado em: 25/03/2025
Tosse persistente pode ser tuberculose? Entenda a gravidade da doença e seus riscos atuais
A tuberculose, infecção pulmonar que já foi considerada controlada, volta a preocupar autoridades de saúde no Brasil e no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o país registrou 80.012 novos casos em 2023, com 5.845 mortes – números que reforçam a urgência de combater a transmissão e o diagnóstico tardio. A microbiologista Fabíola Castro, do Centro Universitário de Brasília (CEUB), alerta: a doença, que evolui silenciosamente, ainda mata cerca de 16 pessoas por dia no território nacional, muitas delas sem acesso a tratamento adequado.
Sintomas sutis, riscos graves: como a tuberculose age no corpo
A infecção, causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, é transmitida por via aérea e ataca principalmente os pulmões, mas pode se espalhar para rins, ossos e até o cérebro. “Além da tosse persistente por mais de três semanas, sintomas como perda de peso acelerada, febre vespertina, sudorese noturna e tosse com sangue são sinais de alerta”, explica Castro. O problema, segundo ela, é que esses indícios são frequentemente confundidos com gripes ou pneumonias, atrasando o diagnóstico e ampliando o contágio.
Transmissão e resistência: um desafio global
A tuberculose é 25 vezes mais contagiosa que a Covid-19, segundo a OMS, e cada paciente não tratado pode infectar até 15 pessoas por ano. No Brasil, a taxa de incidência é de 37 casos por 100 mil habitantes, mas dispara em populações vulneráveis, como moradores de rua e pessoas vivendo com HIV. Outro obstáculo é o surgimento de cepas resistentes a medicamentos, que exigem tratamentos prolongados (até 2 anos) e reduzem as chances de cura de 95% para 55%, conforme dados do Ministério da Saúde (2023).
Diagnóstico precoce salva vidas: onde buscar ajuda
O SUS oferece tratamento gratuito, incluindo exames como o teste rápido molecular e a radiografia de tórax, além do coquetel de antibióticos padrão (Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamida e Etambutol). “A detecção nas primeiras semanas evita sequelas pulmonares irreversíveis e corta a cadeia de transmissão”, reforça Castro. Pacientes devem completar os 6 meses de terapia, mesmo com a melhora dos sintomas, para evitar recaídas.
Prevenção e conscientização: uma responsabilidade coletiva
A vacina BCG, aplicada em recém-nascidos, protege contra formas graves da doença, mas não elimina o risco de infecção na vida adulta. Medidas como ventilação de ambientes, uso de máscaras por pacientes sintomáticos e acesso à nutrição adequada são fundamentais. Em 2024, o Brasil integra a meta global da OMS para reduzir mortes por tuberculose em 90% até 2030, mas o caminho exige investimento em campanhas educativas e infraestrutura de saúde.
Não ignore a tosse: um sinal pode ser decisivo
Com 1,3 milhão de mortes anuais no mundo, a tuberculose segue como a 2ª doença infecciosa mais letal, atrás apenas da Covid-19. No Dia Mundial de Combate à Tuberculose (24/03), a mensagem é clara: buscar ajuda médica ao primeiro sinal persistente não só salva vidas, mas interrompe um ciclo que ainda assombra a saúde pública. Como ressalta Fabíola Castro: “A cura existe, mas depende de diagnóstico ágil e compromisso social”.