Publicado em: 02/04/2025
Ataques criminosos paralisam setor de telecomunicações no Ceará: 10 mil clientes perdidos e 200 demissões
O Ceará enfrenta uma crise sem precedentes no setor de telecomunicações, com pequenos provedores de internet sofrendo ataques sistemáticos de facções criminosas. Dados da Associação dos Provedores do Ceará (Uniproce) revelam que 10 mil clientes cancelaram serviços e 200 funcionários foram demitidos após o fechamento de 15 empresas — um cenário que expõe a vulnerabilidade econômica e a insegurança na região.
Terror organizado: criminosos queimam infraestrutura e cobram "taxa" de 60% dos lucros
Grupos como o Comando Vermelho incendeiam veículos, lojas e equipamentos para coagir empresas a aceitarem exigências extorsivas. Relatos indicam que as facções exigem até 60% dos ganhos das operadoras em troca de "proteção", além de ameaçar funcionários e forçar moradores a contratarem apenas provedores aliados. Em fevereiro de 2024, um carro da Brisanet — uma das maiores empresas do estado — foi queimado em Fortaleza, episódio que resultou na perda de 2 mil clientes na capital e em Caucaia.
Pequenas empresas à beira do colapso: 60% da banda larga fixa do país em risco
Segundo a Abrint, as pequenas prestadoras respondem por 60% da internet fixa nacional, mas a falta de recursos as torna alvos fáceis. A GPX Telecom, que operava há nove anos em Caucaia, teve toda sua estrutura destruída e encerrou atividades, exemplificando um padrão: sem infraestrutura, as empresas não conseguem honrar contratos e quebram. "O retorno financeiro é lento, e um ataque pode significar o fim", alerta a associação.
Crise sem perspectiva de solução: medo paralisa investimentos e serviços
A Uniproce admite que não há sinais de melhora. Provedores sobreviventes operam sob ameaças constantes, enquanto comunidades periféricas enfrentam desabastecimento de internet — serviço essencial para educação, saúde e comércio. O temor de novos ataques inibe a expansão de redes, aprofundando desigualdades digitais em um estado onde 27% da população rural ainda não tem acesso à banda larga, segundo o IBGE (2023).
Impacto nacional: segurança pública e economia em alerta
A escalada da violência no Ceará acende um alerta sobre o avanço do crime organizado sobre infraestruturas críticas. Enquanto autoridades buscam respostas, o setor de telecomunicações pede ações urgentes para frear a onda de ataques, que já afeta empregos, serviços básicos e a confiança no desenvolvimento regional. Sem intervenção eficaz, o prejuízo tende a se expandir — e o custo humano, a crescer.