Publicado em: 04/05/2025
Uma descoberta recente no campo da ressonância magnética (RM) está gerando preocupação na comunidade científica e entre pacientes. Pesquisadores identificaram que alguns exames de RM podem inadvertidamente levar à formação de materiais potencialmente perigosos dentro do corpo.
A ressonância magnética é uma ferramenta de diagnóstico por imagem poderosa e não invasiva, amplamente utilizada para visualizar órgãos internos, tecidos moles e ossos. O exame utiliza campos magnéticos fortes e ondas de rádio para criar imagens detalhadas do interior do corpo. Para melhorar a qualidade dessas imagens, muitas vezes é administrado um agente de contraste à base de gadolínio.
A preocupação surge em relação a esse agente de contraste. Estudos recentes têm demonstrado que, em alguns pacientes, o gadolínio pode se depositar em tecidos do corpo, incluindo o cérebro, mesmo em indivíduos com função renal normal. Embora a relação causal direta entre esses depósitos e efeitos adversos à saúde ainda esteja sob investigação, alguns pacientes relatam uma série de sintomas persistentes após a exposição ao gadolínio, como dor crônica, fadiga e problemas cognitivos. Essa condição tem sido referida por alguns como "doença da deposição de gadolínio".
Uma pesquisa publicada no periódico científico Radiology (fonte: RSNA - Radiological Society of North America) investigou a formação de materiais contendo gadolínio em amostras de tecido de pacientes que haviam passado por múltiplos exames de RM com contraste. Os resultados indicaram a presença de depósitos de gadolínio associados a outros elementos, formando compostos complexos que o corpo tem dificuldade em eliminar.
Outro estudo, divulgado no Journal of Magnetic Resonance Imaging (fonte: Wiley Online Library), analisou a presença de gadolínio em fluidos corporais e tecidos após a administração do contraste, mesmo anos após a exposição. Os pesquisadores observaram que, embora a maior parte do gadolínio seja excretada pelos rins, uma pequena porção pode permanecer retida no organismo.
A comunidade médica enfatiza que os benefícios da ressonância magnética com contraste geralmente superam os riscos potenciais, especialmente em casos onde a informação diagnóstica detalhada é crucial. No entanto, a crescente compreensão sobre a deposição de gadolínio levou a recomendações mais cautelosas em relação ao uso desses agentes. Órgãos regulatórios em diversos países emitiram alertas e diretrizes para otimizar o uso de contrastes à base de gadolínio, incentivando a utilização da menor dose eficaz e a consideração de alternativas quando apropriado.
Os pacientes que passaram por múltiplos exames de RM com contraste e estão preocupados com a possibilidade de deposição de gadolínio devem discutir seus receios com seus médicos. Embora não existam tratamentos específicos para remover o gadolínio depositado, o acompanhamento médico pode ajudar a monitorar qualquer sintoma e garantir uma avaliação adequada da função renal antes de futuros exames com contraste. A pesquisa continua ativa nesta área, buscando entender melhor os mecanismos de deposição e os potenciais efeitos a longo prazo do gadolínio no organismo