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Inglaterra lança a primeira vacina contra gonorreia no mundo

Publicado em: 25/05/2025

Inglaterra lança a primeira vacina contra gonorreia no mundo
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Primeira vacina na Inglaterra
Iniciativa é considerada um marco histórico em meio a aumento alarmante de casos e resistência a antibióticos


Uma vacina contra a gonorreia será oficialmente lançada na Inglaterra como parte de um programa pioneiro em nível global, segundo autoridades de saúde pública. O imunizante representa um avanço histórico na saúde sexual, surgindo em um momento crítico em que os casos da infecção sexualmente transmissível (IST) batem recordes em diversas partes do mundo, com crescente preocupação sobre cepas resistentes aos antibióticos atualmente disponíveis.


A escalada da gonorreia e o desafio da resistência
De acordo com dados recentes da Organização Mundial da Saúde, estima-se que mais de 82 milhões de pessoas sejam infectadas com gonorreia a cada ano em todo o mundo. O cenário é agravado pelo aumento de cepas da bactéria Neisseria gonorrhoeae que não respondem mais aos tratamentos tradicionais, como a ceftriaxona — principal antibiótico utilizado. Alguns casos são classificados como extensivamente resistentes a medicamentos (XDR), ou seja, não reagem nem ao tratamento de primeira nem ao de segunda linha, o que torna a infecção mais difícil de controlar e mais perigosa para a saúde pública.


A vacina 4CMenB: de meningite à prevenção da gonorreia
A vacina que será utilizada nesse programa já existe e é conhecida como 4CMenB, atualmente aplicada contra a meningite B — uma infecção bacteriana grave que pode causar meningite e sepse. A 4CMenB é usada de forma rotineira no sistema de saúde britânico, sendo administrada em bebês aos oito, 16 meses e ao completar um ano de idade.


Pesquisas conduzidas pelo Comitê Conjunto de Vacinação e Imunização (JCVI) demonstraram que a vacina possui entre 32,7% e 42% de eficácia na prevenção da gonorreia. Embora essa proteção não seja total, o comitê ressaltou que a vacinação pode ser uma ferramenta valiosa na redução da transmissão, especialmente porque uma infecção prévia por gonorreia oferece pouca ou nenhuma imunidade natural.


Como a vacina atua
A eficácia da vacina contra a gonorreia se deve à sua formulação. Ela contém proteínas da Neisseria meningitidis — a bactéria causadora da doença meningocócica — que é geneticamente semelhante à Neisseria gonorrhoeae, responsável pela gonorreia. Essa similaridade permite que o sistema imunológico desenvolva uma resposta protetora também contra a gonorreia, ainda que de forma parcial.


Sintomas e riscos da infecção
A gonorreia pode se manifestar de várias formas. Em pessoas com pênis, os sintomas mais comuns são corrimento amarelado ou esverdeado, dor ao urinar e desconforto no reto. Em pessoas com útero, a infecção pode causar dor abdominal inferior e sangramento fora do período menstrual. No entanto, muitos casos permanecem assintomáticos, o que contribui para a propagação silenciosa da doença.


Perspectivas para o futuro da prevenção
A introdução da vacina no combate à gonorreia representa uma nova era na prevenção de ISTs. Em meio ao aumento de infecções resistentes, a imunização se apresenta como uma alternativa promissora para conter surtos e reduzir a carga sobre os sistemas de saúde. Embora não elimine completamente o risco de infecção, a vacinação pode desempenhar um papel fundamental na proteção coletiva, especialmente entre grupos mais vulneráveis.


O lançamento da vacina é, portanto, mais do que uma inovação médica — é uma resposta urgente e necessária a uma ameaça crescente à saúde global.

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