Publicado em: 04/05/2025
Para muitos, roer as unhas é um hábito nervoso, quase automático, acionado em momentos de ansiedade, tédio ou concentração. Contudo, essa mania aparentemente inofensiva pode abrir as portas para perigos bem mais sérios do que unhas feias e cutículas inflamadas. De infecções graves a um alerta surpreendente sobre um possível elo com o Acidente Vascular Cerebral (AVC), os riscos de onicofagia, o termo médico para roer unhas, merecem atenção.
A boca é um ambiente rico em bactérias, e as unhas, por sua vez, acumulam sujeira e micro-organismos diversos. Ao roer as unhas, promove-se uma verdadeira "via expressa" para que essas bactérias invadam o organismo através de pequenas lesões na pele ao redor das unhas e na própria mucosa bucal. O resultado pode ser paroníquia, uma infecção dolorosa e purulenta que requer, em muitos casos, tratamento com antibióticos e até mesmo drenagem cirúrgica. Em situações mais graves, essas infecções podem se disseminar, causando celulite (infecção na pele e tecidos subcutâneos) e, raramente, quadros ainda mais sérios.
A dermatologista Dra. Ana Beatriz Mendes, em entrevista exclusiva ao Page News, faz um alerta importante: "Roer as unhas constantemente causa microtraumatismos repetidos nos vasos sanguíneos ao redor das unhas. Essa inflamação crônica pode, em alguns casos, levar à formação de pequenos coágulos sanguíneos. Embora a ligação direta com o AVC ainda esteja sendo estudada e não seja uma causa comum, a inflamação vascular crônica é um fator de risco conhecido para doenças cardiovasculares, incluindo o AVC. Portanto, minimizar qualquer fonte de inflamação no corpo é sempre uma medida preventiva importante."
Dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) estimam que a onicofagia afeta entre 20% e 30% da população adulta e uma parcela ainda maior de crianças e adolescentes. Além dos riscos de infecção e da potencial ligação com problemas vasculares, roer as unhas pode causar outros danos, como deformidades nas unhas, problemas dentários (desgaste do esmalte, desalinhamento), mau hálito e até mesmo facilitar a transmissão de vermes e outros parasitas presentes sob as unhas.
O alerta é claro: o que começa como um hábito nervoso pode evoluir para complicações de saúde significativas. Buscar ajuda profissional, seja de um dermatologista, psicólogo ou terapeuta comportamental, é fundamental para quem deseja abandonar a onicofagia e proteger a saúde a longo prazo. Pequenas mudanças de comportamento, como manter as unhas curtas, usar esmaltes com sabor amargo ou identificar os gatilhos da ansiedade, podem ser o primeiro passo para uma vida mais saudável e livre desse hábito prejudicial.