Publicado em: 06/06/2025
Ultraprocessados aceleram aparecimento de primeiros sintomas de Parkinson, revela estudo
Um estudo publicado na revista Neurology alerta para a relação entre o consumo de alimentos ultraprocessados e o surgimento precoce de sintomas ligados ao Parkinson. A pesquisa, que analisou dados de mais de 42 mil participantes ao longo de décadas, reforça os riscos desses produtos para a saúde neurológica. Os resultados mostram que indivíduos com alto consumo diário de ultraprocessados tiveram mais que o dobro do risco de desenvolver pelo menos três sintomas precoces da doença em comparação com quem consumia quantidades menores.
Metodologia e descobertas do estudo
Entre 1984 e 2006, os participantes preencheram questionários detalhados sobre seus hábitos alimentares. Anos depois, em 2012, eles foram questionados sobre a presença de sintomas não motores associados ao Parkinson, como distúrbio do sono REM e constipação. Entre 2014 e 2015, outros sinais foram avaliados, incluindo perda de olfato, alterações na visão de cores e sintomas depressivos. Esses indícios podem surgir anos—ou até décadas—antes dos problemas motores clássicos da doença, servindo como alerta para um diagnóstico precoce.
Ao cruzar os dados, os pesquisadores observaram que quem consumia cerca de 11 ultraprocessados por dia apresentava risco significativamente maior de manifestar múltiplos sintomas iniciais. O achado é preocupante, considerando que o consumo desses alimentos já foi associado a inflamações, estresse oxidativo e desequilíbrios na microbiota intestinal—fatores que aceleram a degeneração neuronal.
Implicações e próximos passos
Xiang Gao, coautor do estudo e professor da Universidade Fudan, na China, destaca que esta é a primeira pesquisa a vincular ultraprocessados a sintomas não motores do Parkinson. No entanto, ele ressalta a necessidade de mais estudos para confirmar os resultados e investigar se a redução no consumo desses alimentos poderia retardar a progressão da doença. Enquanto isso, a descoberta serve como mais um alerta sobre os perigos de uma dieta rica em industrializados, especialmente em um contexto global onde esses produtos representam até 60% das calorias consumidas em alguns países, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
A equipe já planeja novas análises, incluindo se mudanças alimentares na fase pré-motora poderiam influenciar o curso do Parkinson. Enquanto as evidências se acumulam, especialistas reforçam: priorizar alimentos in natura e minimizar ultraprocessados é uma estratégia crucial para proteger a saúde cerebral.