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A Corrida Quântica da Microsoft: 17 Anos em Busca da Partícula de Majorana

Publicado em: 04/04/2025

A Corrida Quântica da Microsoft: 17 Anos em Busca da Partícula de Majorana
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A Corrida Quântica da Microsoft: 17 Anos em Busca da Partícula de Majorana
A Microsoft acaba de anunciar um avanço crucial em sua jornada de 17 anos para desenvolver um computador quântico baseado em partículas de Majorana. Em um momento crítico para a computação quântica, a empresa revelou uma nova arquitetura que promete revolucionar o campo — um feito que coloca a tecnologia em um patamar inédito, mas também evidencia os desafios monumentais dessa corrida global.


O Enigma do Férmion de Majorana: Entre a Teoria e a Prática
Teorizada em 1937 pelo físico italiano Ettore Majorana, a partícula que leva seu nome permaneceu um mistério por décadas. Sua singularidade reside em ser, simultaneamente, partícula e antipartícula — propriedade que a torna ideal para criar qubits estáveis, essenciais para a computação quântica. A confirmação de sua existência, no entanto, só começou a ganhar contornos em 2012, quando experimentos em laboratório sugeriram evidências preliminares. Agora, a Microsoft afirma ter não apenas comprovado sua viabilidade prática, mas também integrado essas partículas em um sistema funcional.


O Longo Caminho até a Inovação: Persistência e Riscos
Zulfi Alam, líder do projeto na Microsoft, descreve a trajetória como "uma das empreitadas mais complexas da história da computação". Foram 17 anos de investimentos em pesquisa básica, desenvolvimento de novos materiais e superação de falhas técnicas. Em um setor onde gigantes como Google e IBM já demonstraram supremacia quântica, a Microsoft optou por um caminho radical: abandonar abordagens convencionais e apostar em uma arquitetura totalmente nova, baseada no chamado topocondutor — material híbrido que combina propriedades de semicondutores e supercondutores. O risco? Perder relevância em uma indústria que avança aceleradamente.


Majorana 1: Um Marco na Computação Quântica
Publicado na revista Nature em 2023, o processador Majorana 1 é o resultado tangível dessa jornada. Diferente dos qubits tradicionais, que dependem de elétrons e são extremamente sensíveis a interferências, os qubits de Majorana prometem estabilidade superior — um divisor de águas para a escalabilidade da tecnologia. A Microsoft, no entanto, reconhece que o caminho até a comercialização ainda é longo. Apenas em 2024 a empresa planeja iniciar testes práticos com parceiros selecionados.


Marte e a Conexão Inesperada: Lições para o Futuro
Em um paralelo curioso, a busca por respostas na física quântica ecoa descobertas em outros campos. Em 2011, um meteorito marciano encontrado no Marrocos revelou evidências diretas de água termal em Marte — dados que, em 2023, ganharam nova relevância com a missão Perseverance da NASA, que identificou compostos orgânicos em rochas do planeta. Ambos os casos ilustram como investimentos em ciência básica, ainda que arriscados e demorados, podem redefinir fronteiras do conhecimento.


Enquanto a Microsoft se prepara para a próxima fase, o mundo observa com expectativa — e certo ceticismo. A promessa de uma revolução quântica está mais próxima, mas o preço dessa ambição inclui décadas de incertezas e a pressão intensa por resultados em um cenário global cada vez mais competitivo.

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