Publicado em: 23/03/2025
Brasil almeja posicionar supercomputador entre os cinco mais potentes do globo em meio a desafios estratégicos
Informação foi reforçada pela ministra Luciana Santos, que destaca urgência na soberania tecnológica e enfrentamento de crises climáticas
Em um cenário global marcado por disputas acirradas em tecnologia e inteligência artificial (IA), o Brasil anunciou, nesta quarta-feira (12), a ambição de elevar o supercomputador Santos Dumont à lista dos cinco mais poderosos do mundo. A meta, revelada pela ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, durante o programa Bom Dia, Ministra, da EBC, surge em um contexto crítico: o país ocupa atualmente a 165ª posição no ranking Top500 de supercomputação (dados de novembro/2023), distante dos líderes como EUA, China e Japão, que dominam sistemas na casa dos exaflops.
A iniciativa integra o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, lançado em 2022, que já mobiliza recursos para modernizar o Santos Dumont e construir datacenters estratégicos. "Estamos em uma corrida contra o tempo", afirmou a ministra, ressaltando que a atualização do equipamento é vital para áreas como previsão climática, saúde pública e desenvolvimento de IA — setores que demandam capacidade de processamento sem paralelo.
Entre riscos e avanços:
A ministra destacou três projetos nacionais de IA generativa (tecnologia que dialoga com usuários, como chatbots) em estágio avançado: dois no Sudeste e um no Piauí — sinal de esforços para descentralizar a inovação. Outro ponto crítico é o uso de IA pelo Centro Nacional de Monitoramento de Desastres (Cemaden), que agora prevê calamidades com 72 horas de antecedência, um avanço frente aos modelos anteriores, menos precisos. "Isso salva vidas, especialmente em regiões vulneráveis a enchentes e deslizamentos", explicou Santos, em referência aos mais de 1.500 mortos por desastres naturais no Brasil entre 2020 e 2023 (dados do Cemaden).
Mulheres na ciência e legado de quatro décadas:
Em paralelo, o Ministério celebrou seus 40 anos com planos para ampliar a participação feminina na pesquisa — hoje, mulheres representam 40% dos cientistas no país, segundo o CNPq, abaixo da média global de 50% (UNESCO, 2023). "Precisamos de equidade para enfrentar desafios complexos", afirmou Santos.
Por que a urgência?
A busca por um supercomputador de elite não é apenas simbólica. Na era da economia baseada em dados, dominar essa tecnologia significa autonomia em setores estratégicos, desde a agricultura até a defesa. Países como Alemanha e França já investem bilhões em supercomputação para liderar a próxima revolução industrial. Para o Brasil, fracassar nessa meta pode significar dependência tecnológica e vulnerabilidade em crises futuras.
O desafio, porém, é colossal: exigirá investimentos contínuos, formação de talentos e cooperação internacional. "Estamos construindo as bases, mas o caminho é longo", reconheceu a ministra. Em um planeta onde a inovação dita o poder, o Brasil encara uma encruzilhada histórica — e o relógio não para.