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Estabilidade nos preços do pescado não alivia pressão no bolso

Publicado em: 25/03/2025

Estabilidade nos preços do pescado não alivia pressão no bolso
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Estabilidade nos preços do pescado não alivia pressão no bolso durante Semana Santa; consumo deve subir 30%



Enquanto a Semana Santa se aproxima, o comércio de peixes no Ceará se prepara para um aumento de 30% nas vendas, segundo projeções de produtores. A estratégia de manter os preços estáveis — como forma de estimular o consumo — contrasta com a realidade de famílias que já sentem o peso do orçamento. O ticket médio para uma refeição com pescado, que gira em torno de R$ 70 para uma família de quatro pessoas, pode dobrar na Sexta-Feira da Paixão, pressionando ainda mais os gastos domésticos.


Troca de proteínas vira cálculo necessário
Neuza, dona de casa frequente do Mercado dos Peixes no Mucuripe, revela o dilema de muitos consumidores: "Como peixe três vezes na semana na quaresma, mas não é só por tradição. A carne está cara, então acabo substituindo". Ela, que pesquisa preços para comprar cerca de três quilos de pescado por semana, admite que deixará para se preocupar com os valores da Semana Santa "quando chegar a hora".


Preços congelados, demanda em alta
Rogerbert Lima Alves, presidente da Associação dos Permissionários do Mercado dos Peixes, explica que a estabilidade nos preços é uma aposta para incentivar vendas. A tilápia segue a R25/kg,atumecavalaaR 30/kg, enquanto o peixe vermelho e o pargo lideram como os mais caros, entre R40eR 45/kg. "Com famílias reunidas, muitos compram peixes maiores, o que pode dobrar o gasto na última semana", alerta.


Camarão entra como alternativa (mas nem tanto)
Apesar de ser uma opção popular, o camarão ainda varia entre R25eR 60/kg, dependendo do tamanho e preparo. Alves destaca que o movimento no mercado já triplicou na reta final da quaresma: "Chega a ser difícil atender a todos".


Supermercados com expectativas moderadas
Enquanto produtores sonham alto, os supermercados projetam um crescimento de apenas 10% nas vendas de pescado. Claudia Novais, presidente da Acesu, atribui a cautela ao aumento de itens da cesta básica, que impactam o poder de compra. "Esperamos um crescimento de 5% no total das vendas de Páscoa", diz, destacando que a inflação em outros setores pode frear até mesmo a tradição.


Entre a fé e o bolso
A Semana Santa, que historicamente impulsiona o consumo de pescado, agora reflete um equilíbrio frágil: produtores mantêm preços para atrair clientes, mas famílias como a de Neuza precisam administrar substituições e pesquisas de preço. Enquanto isso, o Mercado dos Peixes — com seus restaurantes abertos até as 23h — se torna um termômetro dessa tensão silenciosa entre devoção e orçamento apertado.

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