Publicado em: 15/06/2025
Um grave acidente na Serra da Ibiapaba, em Tianguá, deixou um rastro de tristeza e preocupação ambiental. O tombamento de um caminhão na BR-222 resultou na morte do motorista e no vazamento de uma carga de óleo vegetal, que se espalhou pela pista, vegetação e, alarmantemente, atingiu o córrego de uma pequena cachoeira, tingindo a água de amarelo e deixando-a gordurosa. O incidente, ocorrido na quinta-feira (12), acende um alerta sobre os impactos de desastres como este no meio ambiente e na saúde.
O caminhão, que transportava óleo vegetal de Belém (PA) para Fortaleza, perdeu o controle em um trecho de descida da serra, suspeita-se que devido a uma falha nos freios. O motorista, um homem de 43 anos, natural da Bahia, ficou preso às ferragens e faleceu no local. A tragédia pessoal se somou rapidamente a um cenário de contaminação ambiental, com o óleo escorrendo e se acumulando nas proximidades da cachoeira e descendo pelo córrego.
Embora o óleo vegetal seja frequentemente visto como menos agressivo que óleos minerais, seu vazamento em grandes volumes pode ter consequências ambientais significativas. Na natureza, ele forma uma camada sobre a água, impedindo a troca gasosa e a entrada de luz solar, o que pode sufocar organismos aquáticos como peixes e algas, prejudicando toda a cadeia alimentar do ecossistema. A vegetação atingida também pode sofrer danos, tendo suas folhas e raízes impermeabilizadas, o que dificulta a respiração e a absorção de nutrientes.
Para a saúde humana, o contato direto com o óleo, especialmente em córregos usados para lazer ou consumo por comunidades locais, pode causar irritações na pele e mucosas. Se a água contaminada for consumida, mesmo que o óleo vegetal não seja tóxico como outros produtos químicos, ele pode provocar problemas gastrointestinais.
O processo de limpeza, iniciado no sábado (14) pela seguradora do caminhão, é complexo. Remover completamente o óleo do solo, da vegetação e, principalmente, da água, exige tempo e técnicas especializadas. A duração para a completa remediação ambiental pode variar bastante, dependendo da quantidade de óleo vazado, das características do solo e do fluxo do córrego. Em cenários como este, a limpeza inicial pode levar semanas, mas a recuperação total do ecossistema, com a volta ao equilíbrio, pode se estender por meses ou até anos.
Acidentes que causam dano ambiental, como o vazamento de substâncias poluentes, estão sujeitos a rigorosas multas ambientais previstas pela legislação brasileira. A Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98) e o Decreto nº 6.514/08 estabelecem penalidades que variam de acordo com a gravidade do dano, o volume de poluente, a extensão da área afetada e a comprovação de dolo ou culpa. As multas podem ser milionárias, e a empresa responsável pelo transporte, assim como o proprietário da carga, podem ser acionados para arcar com os custos da remediação e indenização por danos.
É fundamental que haja uma pronta resposta para mitigar os impactos desse acidente e que medidas preventivas sejam continuamente aprimoradas para evitar que tragédias como essa se repitam em nossas serras e rios.