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Publicado em: 27/05/2025
Interior do Ceará deve movimentar mais de R$ 1 bilhão em 21 cidades em 2025
O interior do Ceará está prestes a se consolidar como um motor econômico essencial para o estado. Um levantamento do IPC Maps projeta que 21 cidades cearenses, fora da Região Metropolitana de Fortaleza, devem ultrapassar a marca de R$ 1 bilhão em movimentação financeira no próximo ano. No total, os municípios interioranos devem movimentar cerca de R$ 109 bilhões em 2025 — quase metade dos R$ 241 bilhões estimados para todo o estado. A cifra revela um cenário de descentralização do consumo e, ao mesmo tempo, escancara desigualdades regionais que exigem atenção.
Interior se destaca no potencial de consumo
De acordo com o estudo, os gastos abrangem áreas como habitação, alimentação, transporte, veículo próprio, educação, entre outras. Cerca de 45% do consumo total previsto no Ceará será proveniente de cidades fora da Grande Fortaleza. Essa movimentação econômica crescente, embora promissora, também lança luz sobre desafios estruturais enfrentados por áreas mais afastadas dos grandes centros urbanos.
Juazeiro do Norte e Sobral lideram movimentação
Juazeiro do Norte, no Cariri, lidera a lista entre os municípios do interior com maior potencial de consumo. Com estimativa de R$ 7,8 bilhões movimentados em 2025, a cidade terá o terceiro maior volume financeiro do estado. Sobral aparece em seguida, com R$ 5,9 bilhões, consolidando-se como polo de influência no Norte do Ceará.
Também se destacam no ranking Crato, Iguatu, Itapipoca e Russas, todas fora das zonas metropolitanas, mas com forte dinamismo econômico. Iguatu, por exemplo, deverá movimentar R$ 2,9 bilhões no próximo ano.
Cariri e Sobral: polos econômicos em expansão
O professor Lauro Chaves, da Universidade Estadual do Ceará, aponta que a região do Cariri representa um polo econômico pujante, impulsionado pelo turismo (religioso, científico e ocasional), saúde, educação e um intenso fluxo migratório. Sobral, por sua vez, coordena uma rede de 17 cidades em sua área de influência, reunindo mais de 490 mil habitantes.
Destaque para cidades fora das grandes metrópoles
Iguatu, Itapipoca e Russas surpreendem pelo desempenho econômico expressivo, mesmo sem pertencer às três regiões metropolitanas principais do estado. Nicolino Trompieri, analista de políticas públicas do Ipece, afirma que esses municípios têm conseguido manter um Produto Interno Bruto (PIB) relevante: Iguatu tem o 10º maior PIB do Ceará, enquanto Itapipoca ocupa a 12ª posição.
Essas cidades se apoiam em setores como comércio, serviços e turismo. Itapipoca, por exemplo, se destaca por sua localização estratégica entre litoral e serra, atraindo visitantes e movimentando a economia local. Essa descentralização do consumo contribui positivamente para a expansão econômica do interior cearense, criando novos polos de crescimento fora das capitais tradicionais.
Confira as cidades do interior com maior movimentação financeira prevista para 2025
JUAZEIRO DO NORTE: R$ 7,8 bilhões
SOBRAL: R$ 5,9 bilhões
CRATO: R$ 4 bilhões
IGUATU: R$ 2,9 bilhões
ITAPIPOCA: R$ 2,5 bilhões
RUSSAS: R$ 2 bilhões
BARBALHA: R$ 1,9 bilhão
QUIXADÁ: R$ 1,9 bilhão
CRATEÚS: R$ 1,8 bilhão
LIMOEIRO DO NORTE: R$ 1,8 bilhão
QUIXERAMOBIM: R$ 1,7 bilhão
ARACATI: R$ 1,7 bilhão
TIANGUÁ: R$ 1,7 bilhão
CANINDÉ: R$ 1,6 bilhão
MORADA NOVA: R$ 1,3 bilhão
TAUÁ: R$ 1,2 bilhão
ICÓ: R$ 1,2 bilhão
BREJO SANTO: R$ 1,2 bilhão
CAMOCIM: R$ 1,2 bilhão
ACARAÚ: R$ 1,2 bilhão
BEBERIBE: R$ 1 bilhão
Ceará tem o 10º maior potencial de consumo do Brasil
O estado do Ceará registrou um crescimento expressivo em seu potencial de consumo, alcançando a 10ª colocação entre os estados brasileiros. O aumento foi de 20% em relação a 2024. O número de cidades com consumo superior a R$ 1 bilhão subiu de 30 para 34 em apenas um ano.
A habitação lidera entre as categorias de gasto, com previsão de R$ 47 bilhões, seguida por alimentação no domicílio (R$ 25 bilhões), veículo próprio (R$ 22 bilhões) e alimentação fora do lar (R$ 11 bilhões).
Fortaleza continua sendo o epicentro do consumo no estado, com estimativa de R$ 96,27 bilhões movimentados em 2025, o que a coloca entre as sete maiores cidades do Brasil em volume financeiro. Ainda assim, a força do interior se torna cada vez mais evidente e necessária para o equilíbrio e desenvolvimento sustentável do Ceará.
Alerta para desigualdade e necessidade de planejamento
Apesar dos números animadores, a disparidade entre os grandes polos regionais e os pequenos municípios do entorno permanece evidente. O crescimento concentrado pode acentuar desigualdades, especialmente em áreas rurais que não conseguem acompanhar o ritmo de desenvolvimento.
O fortalecimento do interior exige políticas públicas que promovam infraestrutura, conectividade e investimentos contínuos. É necessário garantir que o dinamismo econômico atual se transforme em um ciclo sustentável de crescimento para todas as regiões do estado.