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Alerta Urgente: Tragédias Climáticas no RS
Um estudo recente da Agência Nacional de Águas (ANA), em colaboração com universidades federais e o Serviço Geológico do Brasil, aponta para um futuro alarmante. Eventos extremos como as inundações de 2024 no Rio Grande do Sul podem se tornar cinco vezes mais comuns nas próximas décadas. O que antes era uma ocorrência rara, prevista para acontecer a cada 50 anos, agora ameaça se repetir a cada dez anos, com uma intensidade cada vez maior, impulsionada pelas mudanças climáticas e pela intervenção humana.
A Crescente Ameaça às Cidades Gaúchas
As projeções atuais indicam um aumento preocupante de 20% no volume de água dos rios, o que pode elevar os níveis em até 1 metro em Porto Alegre e regiões metropolitanas, e até 3 metros em áreas vulneráveis como o Vale do Taquari. O relatório "As Enchentes no RS: Lições para um Futuro Resiliente" soa o alarme: a cota de inundação precisa ser urgentemente revista para 4 metros, demandando uma reformulação imediata de diques e barragens. A experiência de países como Reino Unido e Austrália, que já ampliaram seus parâmetros de infraestrutura em 20% a 30%, demonstra uma urgência que ainda não foi totalmente absorvida no Brasil.
2024: Um Ano de Devastação Sem Precedentes
Em maio de 2024, o Rio Guaíba atingiu um pico de 5,35 metros, submergindo bairros históricos de Porto Alegre. No Vale do Taquari, a marca de 33,67 metros causou destruição em cidades como Lajeado. As consequências foram trágicas: 184 vidas perdidas, 27 desaparecidos, 2,4 milhões de pessoas afetadas e um prejuízo econômico estimado em R$ 35,6 bilhões. Mais de 196 mil gaúchos perderam seus lares, e 152 mil postos de trabalho foram extintos, marcando um ano de sofrimento e perdas irreparáveis.
Cortes Orçamentários: Um Risco Inaceitável
Em um momento crítico, onde a ciência clama por investimentos em prevenção, o Congresso Nacional optou por reduzir o orçamento federal para a gestão de riscos em 2025. A proposta inicial do governo de R$ 1,75 bilhão foi diminuída para R$ 1,37 bilhão, representando um corte de R$ 380 milhões. Essa decisão contraditória ocorre após o governo liberar R$ 5 bilhões em créditos emergenciais em 2024, quase três vezes o valor inicialmente previsto. A especialista Sheilla Dourado, do Inesc, adverte que "priorizar reação em vez de prevenção é insustentável", expondo a fragilidade de uma abordagem reativa diante da crescente ameaça.
Respostas em Curso, Mas Aquém do Necessário
O governo do Rio Grande do Sul lançou o Plano Rio Grande, com um investimento de R$ 6,9 bilhões destinado à reconstrução e a projetos cruciais como o sistema de proteção de Eldorado do Sul. Porto Alegre e Alvorada também estão implementando obras de atualização em suas infraestruturas. No entanto, o Ministério da Integração justificou os cortes orçamentários federais como uma "prerrogativa do Congresso", mesmo após a ONU classificar 2024 como o ano mais quente já registrado na história. Enquanto o mundo se prepara para a COP30, o Brasil se encontra em uma encruzilhada perigosa, onde a urgência de agir agora é inegável para evitar um preço ainda mais catastrófico no futuro.