Publicado em: 09/03/2025
Presidente interino do PT assume com foco em unidade e prioriza reformas sociais
O senador Humberto Costa (PE), novo presidente interino do PT, afirmou em entrevista que adotará uma postura mais conciliadora em comparação à gestão de sua antecessora, Gleisi Hoffmann (PT-PR), evitando embates públicos com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Costa destacou apoio à gestão econômica do ministro, sinalizando uma mudança no tom do partido.
Mudança de estilo e apoio a Haddad
Costa, que comanda o PT até 6 de julho — quando ocorrerá a eleição interna —, classificou-se como "defensor intransigente" de Haddad e afirmou que não buscará confrontos ideológicos. "Não é meu papel, nessa interinidade, me meter a dar grandes opiniões. O ministro está fazendo uma gestão econômica muito boa", declarou. A fala contrasta com o perfil de Gleisi, que defendia debates abertos para "puxar o governo para a esquerda", especialmente em temas como ajustes fiscais.
Contexto das divergências anteriores
Durante sua gestão, Gleisi criticou medidas como a reforma do BPC (Benefício de Prestação Continuada), que propunha alterar regras de acesso ao auxílio para idosos e pessoas com deficiência de baixa renda. O PT chegou a pedir que bancadas analisassem "com profundidade" o projeto, que perdeu força após resistências. Agora, Gleisi assume como ministra da Secretaria de Relações Institucionais, substituindo Alexandre Padilha, que virou ministro da Saúde.
Preparativos para a eleição interna
O PT definirá sua nova direção em julho, com eleições para cargos municipais, estaduais e nacional. Costa, que não será candidato, afirmou que apoiará um nome alinhado às suas ideias. O favorito de Lula é o ex-prefeito de Araraquara Edinho Silva (PT), da mesma corrente interna (CNB), que reúne aliados como Haddad e a própria Gleisi. Porém, há disputas: o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), também é cotado, enquanto alas mais à esquerda do partido preparam candidaturas alternativas.
Prioridades de Costa: mobilização por reformas
Nos próximos quatro meses, o interino focará em três frentes:
Organizar a eleição interna e ampliar a filiação partidária.
Pressão por redução da jornada de trabalho (proposta em discussão no Congresso).
Ampliar a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.
Costa planeja mobilizar sindicatos, movimentos sociais e a bancada petista para convencer parlamentares, além de usar a propaganda partidária do PT em rádio e TV. "Vai ser muita pressão para aprovar essas medidas", disse, reconhecendo resistências de setores da sociedade.
Discreta, mas não neutra
Apesar do estilo menos confrontista, Costa não descarta posicionar o PT em temas polêmicos. "Tenho minha opinião, mas não será o foco nesse período", afirmou. Sobre Gleisi, elogiou sua habilidade política: "Ela é aberta ao diálogo e vai surpreender no ministério".
Imagem: Reprodução/Agência Brasil
Atualizado em: 09/03/2025