Jornalista ucraniana foi submetida a torturas antes de morte sob custódia russa - Pagenews

Jornalista ucraniana foi submetida a torturas antes de morte sob custódia russa

Publicado em: 30/04/2025

Jornalista ucraniana foi submetida a torturas antes de morte sob custódia russa
ouvir notícia
0:00

Jornalista ucraniana foi submetida a torturas antes de morte sob custódia russa
Viktoria Roshchina, de 27 anos, passou um ano desaparecida até que seu corpo, com marcas de violência extrema, fosse identificado por análise de DNA e repatriado à Ucrânia em fevereiro de 2024. O caso expõe padrões de violações de direitos humanos no contexto da guerra, que já dura mais de dois anos, com mais de 30 mil civis mortos segundo a ONU.


Tortura e tentativa de ocultação de provas
Exames forenses revelaram que a jornalista sofreu escoriações generalizadas, fratura de costela e hematomas compatíveis com agressões sistemáticas. Yurii Bielousov, chefe do departamento de crimes de guerra da Procuradoria-Geral da Ucrânia, destacou em declaração pública que "as lesões confirmam práticas de tortura por agentes russos". Além disso, órgãos como olhos, cérebro e parte da laringe foram removidos antes da repatriação do corpo, levantando suspeitas de manipulação de evidências. A polícia ucraniana aponta que a quebra do osso hióide — comum em estrangulamentos — reforça a hipótese de execução.


Investigação internacional e contradições russas
Uma coalizão de veículos, incluindo The Washington PostThe Guardian e o ucraniano Ukrainska Pravda, colaborou na apuração do caso. O corpo de Viktoria chegou a Vinnytsia congelado e com sinais de desnutrição grave, inicialmente registrado como "não identificado". Uma etiqueta com seu sobrenome entre os pertences foi crucial para a identificação via DNA (99,9% de precisão). Autoridades russas alegaram que a remoção de órgãos seria "parte do embalsamamento", argumento rejeitado por especialistas forenses ucranianos.


Detenção e última comunicação
Viktoria foi capturada em agosto de 2023, durante cobertura do conflito em Enerhodar e Melitopol, e transferida para uma instalação do FSB em Taganrog. Testemunhas relataram que ela recusou colaborar com as forças russas, mantendo-se fiel à ética jornalística. Seu único contato com a família foi um telefonema em que mencionou inclusão em uma troca de prisioneiros. Apesar da libertação de 49 ucranianos em setembro de 2023, seu nome foi excluído da lista. Sua morte foi oficializada em 19 de setembro do mesmo ano.


Contexto de ataques à imprensa
O caso ocorre em meio a um aumento de violência contra profissionais de mídia em zonas de conflito. Segundo o Comitê de Proteção a Jornalistas, pelo menos 17 repórteres foram mortos na Ucrânia desde o início da invasão russa em 2022. A morte de Viktoria reforça alertas sobre a perseguição sistemática a vozes independentes, enquanto organizações internacionais pressionam por investigações imparciais sobre crimes de guerra. A Ucrânia já registrou mais de 125 mil denúncias de violações desde 2022, conforme dados da ONU.

Mais Lidas