Publicado em: 28/04/2025
Coreia do Sul – A busca por um diagnóstico mais eficiente e confiável para o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) pode estar prestes a ganhar um poderoso aliado: a inteligência artificial (IA). Um estudo inovador conduzido por pesquisadores na Coreia do Sul sugere que a análise de imagens do fundo do olho, impulsionada por modelos de aprendizado de máquina, pode identificar o TDAH com uma precisão surpreendente.
O diagnóstico de TDAH é, atualmente, um processo complexo e demorado, baseado em avaliações clínicas, histórico do paciente e questionários comportamentais. A subjetividade inerente a esses métodos pode levar a inconsistências e atrasos na identificação do transtorno, dificultando o acesso ao apoio adequado.
Diante desse cenário, a pesquisa sul-coreana surge como uma promessa de simplificação e maior acurácia. Os cientistas treinaram modelos de aprendizado de máquina para identificar padrões nas fotografias do fundo do olho que estariam correlacionados com o diagnóstico profissional de TDAH. Os resultados foram notáveis. Dos quatro modelos de IA testados, o mais eficaz alcançou uma impressionante precisão de 96,9% na previsão do TDAH, utilizando unicamente a análise das imagens retinianas.
A equipe de pesquisa identificou características específicas nos vasos sanguíneos e no disco óptico como indicadores cruciais da presença do transtorno. Uma maior densidade de vasos sanguíneos, o formato e a largura dos vasos, além de alterações no disco óptico se mostraram sinais relevantes para a identificação do TDAH pela IA.
Essa descoberta se alinha com pesquisas anteriores que sugerem uma ligação entre as alterações na conectividade cerebral associadas ao TDAH e possíveis manifestações físicas nos olhos. A retina, tecido nervoso sensível à luz localizado no fundo do olho, compartilha semelhanças com o tecido cerebral, o que torna plausível a hipótese de que as alterações neurológicas do TDAH possam se refletir em sua estrutura vascular e nervosa.
Se esses achados forem confirmados por estudos mais amplos e em diferentes populações, a análise do fundo do olho com o auxílio da IA poderá revolucionar o diagnóstico do TDAH. Esse método teria o potencial de ser mais rápido, objetivo e menos invasivo do que os procedimentos atuais, permitindo uma identificação precoce e o acesso mais rápido a intervenções que podem melhorar significativamente a qualidade de vida das pessoas com TDAH.
A pesquisa abre um caminho promissor para o desenvolvimento de ferramentas de triagem e diagnóstico baseadas em IA, oferecendo uma nova perspectiva para a compreensão e o manejo do TDAH. O futuro do diagnóstico do transtorno pode estar, literalmente, nos olhos dos pacientes.