Publicado em: 04/04/2025
Nobel de Economia aponta: “IA pode substiuir seres humanos e contribuir com a desigualdade”
James A. Robinson faz um alerta contundente sobre o impacto da IA no futuro do trabalho e nas divisões globais. Ignorar essa realidade pode custar caro.
Tecnologia: avanço ou armadilha?
O economista James A. Robinson, vencedor do Prêmio Nobel de Economia de 2024, não deixou espaço para ilusões: a inteligência artificial não vai apenas remodelar o mundo — ela vai escancarar ainda mais as desigualdades sociais e econômicas.
Em uma recente entrevista publicada pela Bloomberg Línea, Robinson alertou para um ponto que muitos ignoram. Enquanto os avanços tecnológicos são celebrados, os impactos sociais são subestimados. “Estamos deslumbrados com promessas futuristas e fechando os olhos para os riscos reais”, afirmou o economista.
A IA vai aprofundar o abismo social
Robinson foi direto: “A IA vai aumentar a desigualdade entre países e dentro deles”. E os sinais disso já são visíveis. O mercado de trabalho está se transformando a uma velocidade sem precedentes, e o acesso desigual à tecnologia está ampliando a distância entre os que têm oportunidades e os que estão sendo deixados para trás.
Enquanto economias mais desenvolvidas estão se beneficiando da revolução tecnológica, muitas nações enfrentam dificuldades para acompanhar esse ritmo. E dentro das próprias sociedades, trabalhadores altamente qualificados encontram novas oportunidades, enquanto aqueles cujas funções são automatizadas encaram um futuro incerto.
A ingenuidade dos otimistas tecnológicos
Durante a semana do Nobel, na Suécia, Robinson participou de encontros com cientistas e especialistas no desenvolvimento da IA. O que ele viu e ouviu o deixou alarmado: muitos dos responsáveis por essas inovações não estão debatendo suas consequências sociais.
“São pessoas que ganharam o Nobel pelo trabalho em IA e simplesmente ignoram os impactos que isso trará para milhões de pessoas”, criticou. Ele chamou essa postura de “ingênuo otimismo tecnológico”, um erro que pode custar caro para a estabilidade global.
IA precisa complementar o trabalho humano, não substituí-lo
Para Robinson, a solução não é rejeitar a tecnologia, mas integrá-la de forma que beneficie os trabalhadores, e não apenas as grandes corporações.
Governos e empresas precisam encarar essa realidade e criar soluções que mantenham as pessoas empregadas e produtivas. “Se a IA for usada apenas para substituir trabalhadores em nome da eficiência, o resultado será uma crise econômica e social profunda”, alertou.
Os Estados Unidos e o alerta que não pode ser ignorado
Para ilustrar seu ponto, Robinson usou os Estados Unidos como um exemplo de como a dependência excessiva no livre mercado e na tecnologia pode sair pela culatra.
“O americano médio não está melhor do que estava há 50 anos”, disse o economista. A promessa de que a globalização e a inovação tecnológica trariam prosperidade para todos se mostrou, em grande parte, ilusória.
A falta de regulamentação e de políticas que garantam uma transição justa está gerando frustração, instabilidade e um crescente sentimento de exclusão em boa parte da população.
O futuro depende de decisões concretas
A inteligência artificial é um caminho sem volta. Mas o que se fará com esse poder determinará o futuro da economia e da sociedade.
Robinson pede uma resposta rápida e eficaz: “Precisamos de um debate político realista e urgente. Se continuarmos tratando a IA apenas como uma maravilha tecnológica e não como um desafio social, estaremos empurrando o mundo para uma desigualdade sem precedentes”.