Publicado em: 28/04/2025
Diabetes e risco cardiovascular: uma ligação fatal subestimada
No Brasil, 20 milhões de pessoas vivem com diabetes, mas 55% dos casos tipo 2 permanecem não diagnosticados, segundo a Vigitel 2023. A doença, que já mata uma pessoa a cada 7 segundos no mundo, é a principal causa de hemodiálise e quadruplica o risco de infarto e AVC. “O foco não pode ser só a glicose. Diabetes é uma bomba-relógio para o coração e rins”, alerta Bruno Bandeira, cardiologista da Socerj.
Novos medicamentos trazem esperança, mas acesso ainda é barreira
Inibidores da SGLT2 (como dapagliflozina) e agonistas do GLP-1 (como semaglutida) revolucionaram o tratamento, reduzindo até 27% o risco cardiovascular. No SUS, a dapagliflozina é disponibilizada para diabéticos acima de 65 anos, mas a semaglutida – que também combate obesidade – custa até R$ 1,2 mil mensais, inacessível para 75% dos pacientes. “Essas drogas são uma luz, mas não resolvem a crise sozinhas”, ressalta Saulo Cavalcanti, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes.
Manual médico surge como guia crítico em meio à epidemia silenciosa
Lançado no 42º Congresso de Cardiologia (8-9/05), o manual “Diabetes e Doença Cardiovascular” propõe protocolos integrados para evitar mortes precoces. Com 55% dos diabéticos tipo 2 chegando ao diagnóstico já com complicações, o documento prioriza rastrear hipertensão, dislipidemia e insuficiência renal desde a atenção primária – hoje, apenas 30% das UBSs fazem esse monitoramento.
Brasil enfrenta aumento alarmante de casos não diagnosticados
A prevalência de diabetes saltou de 9,1% (2021) para 10,2% (2023), afetando 11,1% das mulheres. Do total, 90% são tipo 2, ligados a obesidade e sedentarismo – fatores que atingem 60% dos brasileiros. Sem políticas eficazes, projeta-se que 1 em cada 8 adultos terá diabetes até 2030. “Estamos perdendo a guerra contra as complicações. Precisamos de rastreamento massivo e educação populacional”, conclui Cavalcanti.
Controle integrado é a única saída para evitar colapso no SUS
Enquanto 70% das mortes por diabetes estão ligadas a falhas cardíacas, o custo anual do tratamento no Brasil ultrapassa R$ 30 bilhões. A solução, segundo especialistas, exige triplicar investimentos em prevenção, ampliar acesso a medicamentos inovadores e treinar 200 mil profissionais até 2025. Do contrário, o sistema de saúde entrará em colapso – e milhões seguirão ignorando que carregam uma doença letal e silenciosa.