Eddie Murphy e o conselho que mudou sua trajetória no cinema - Pagenews

Eddie Murphy e o conselho que mudou sua trajetória no cinema

Publicado em: 03/04/2025

Eddie Murphy e o conselho que mudou sua trajetória no cinema
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Eddie Murphy e o conselho que mudou sua trajetória no cinema
Nos anos 80, Eddie Murphy consolidou-se como um dos maiores nomes de Hollywood, impulsionado por comédias icônicas como Um Tira da Pesada e Um Príncipe em Nova York. Sua ascensão, porém, quase tomou um rumo dramático quando o ator foi cotado para o papel de Alex Haley no filme Malcolm X (1992). O que o impediu? Um conselho direto — e inesperado — de Sidney Poitier, uma das lendas mais respeitadas do cinema.


O encontro decisivo com Sidney Poitier
Em entrevista recente ao The New York Times (2023), Murphy revelou detalhes do episódio: durante os preparativos para o filme, ele encontrou Poitier e comentou sobre seu interesse em interpretar Haley, autor da autobiografia que inspirou a obra. A resposta do veterano foi crucial: "Você não é Denzel [Washington], e você não é Morgan [Freeman]. Você é uma lufada de ar fresco, e não f** com isso!"*. A fala, inicialmente ambígua, deixou Murphy em dúvida: "Não sabia se era um insulto ou um elogio. Fiquei tipo: ‘O quê?’".


O legado de Malcolm X e as consequências da escolha
A decisão de recusar o papel alterou o curso do projeto. Denzel Washington, então com carreira em ascensão no drama, assumiu o protagonista sob a direção de Spike Lee. O filme, hoje considerado um marco do cinema político e social, rendeu a Washington uma indicação ao Oscar e solidificou sua imagem como um dos atores mais sérios de sua geração. Já Murphy manteve-se fiel ao gênero cômico, evitando uma guinada precoce para papéis dramáticos — movimento que, segundo críticos, só viria décadas depois, com indicações recentes ao Globo de Ouro por Dolemite Is My Name (2019) e SNL 50 (2024).


Reflexões três décadas depois
Em 2023, ao ser questionado sobre o conselho de Poitier, Murphy admitiu: "Na época, não entendi totalmente. Mas ele estava certo. Se eu tivesse feito Malcolm X, talvez minha carreira tivesse tomado outro rumo, e não sei se seria para melhor". O episódio revela não apenas a complexidade das escolhas artísticas, mas também o peso do timing na indústria cinematográfica. Enquanto Malcolm X permanece relevante — citado em debates sobre representatividade e justiça social —, a trajetória de Murphy segue como testemunho de que, às vezes, renunciar a um papel é também proteger uma identidade única.

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