Publicado em: 06/06/2025
Bolsonaro nega à PF envolvimento em busca de sanções internacionais
O ex-presidente Jair Bolsonaro prestou depoimento à Polícia Federal nesta quinta-feira (5), negando qualquer participação em supostas gestões junto ao governo norte-americano para promover sanções contra autoridades brasileiras, incluindo o ministro Alexandre de Moraes, do STF. O depoimento ocorre no âmbito de inquérito que investiga a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, que teria buscado incitar o governo dos EUA contra decisões judiciais brasileiras.
Investigação mira suposta interferência internacional
O caso foi relatado ao STF pelo ministro Alexandre de Moraes, que também supervisiona investigações sobre atos golpistas e fake news. Moraes argumenta que Jair Bolsonaro deve prestar esclarecimentos por ser "diretamente beneficiado" pelas ações do filho, especialmente após admitir publicamente que custeia as despesas de Eduardo nos EUA. O deputado, que pediu licença de 122 dias do mandato em março deste ano, está residindo nos Estados Unidos.
Ex-presidente afirma independência do filho e nega lobby
Durante o depoimento, Bolsonaro afirmou que nunca entrou em contato com autoridades americanas para discutir sanções e destacou que Eduardo age de forma independente. "As ações realizadas por Eduardo Bolsonaro são independentes e feitas por conta própria", declarou. O ex-presidente também argumentou que os EUA não adotariam medidas punitivas baseadas apenas em pressão de terceiros.
Confirmação de repasse de recursos gera questionamentos
Bolsonaro admitiu ter enviado R$ 2 milhões para custear as despesas do filho nos EUA, valores que, segundo ele, vieram de doações recebidas via Pix em 2023 – ano em que arrecadou R$ 17 milhões de apoiadores. A origem e o uso desses recursos podem se tornar alvo de maior escrutínio, considerando o contexto da investigação.
Defesa de Eduardo Bolsonaro acusa "regime de exceção"
O deputado Eduardo Bolsonaro reagiu à abertura do inquérito classificando-a como uma medida "injusta e desesperada". Em suas redes sociais, ele afirmou: "Isso só comprova que vivemos um regime de exceção, onde o Judiciário age com critérios políticos". A fala reforça o tom de confronto entre a família Bolsonaro e setores do STF, em um momento de crescente tensão institucional no país.
Contexto político e judicial em análise
O caso ocorre em meio a um cenário de polarização, onde decisões judiciais envolvendo figuras políticas são frequentemente interpretadas a partir de vieses ideológicos. Enquanto críticos enxergam nas investigações um combate necessário a supostos abusos de poder, apoiadores de Bolsonaro denunciam perseguição política. O desfecho dessa investigação poderá ter repercussões significativas no cenário político brasileiro.