Operação Biometrics no Ceará: família suspeita de fraudes bancárias e empresas de fachada - Pagenews

Operação Biometrics no Ceará: família suspeita de fraudes bancárias e empresas de fachada

Publicado em: 24/03/2025

Operação Biometrics no Ceará: família suspeita de fraudes bancárias e empresas de fachada
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Operação Biometrics expõe esquema milionário no Ceará: família suspeita de fraudes bancárias e empresas de fachada


Um intricado esquema de fraude bancária, com movimentações que ultrapassam R$ 42 milhões, foi desarticulado pela Polícia Federal (PF) no Ceará durante a Operação Biometrics, deflagrada na última semana. O caso, que envolve contas fantasmas, empréstimos fraudulentos e empresas de fachada, revela a sofisticação de crimes financeiros no Brasil – país que registrou aumento de 27% em fraudes bancárias em 2023, segundo o Banco Central.


A investigação, iniciada em junho de 2024, apontou que pelo menos cinco integrantes de uma mesma família de Itapipoca (a 140 km de Fortaleza) estariam no centro das suspeitas. Entre os alvos está um suposto empresário do ramo de confecções, cuja empresa servia de fachada para movimentar valores ilegais. A PF identificou transações suspeitas de R$ 5,2 milhões em contas vinculadas ao grupo, além de 23 contas bancárias digitais abertas em nome de um único investigado, muitas em instituições de pagamento.


Como a fraude funcionava?
De acordo com a PF, o esquema usava identidades falsificadas para abrir contas de empresas e obter empréstimos fraudulentos na Caixa Econômica Federal. Os valores eram depois "lavados" por meio de uma rede de contas pessoais e empresas fictícias, especialmente no setor têxtil. A Justiça Federal da 3ª Região destacou em documentos que os investigados eram "peças-chave" para dissimular a origem do dinheiro, caracterizando uma "empreitada criminosa" de alto impacto.


Alcance interestadual e prisões
Além dos oito mandados de busca e apreensão e duas prisões no Ceará, a operação atingiu São Paulo, onde parte dos cearenses investigados foi localizada. No total, 16 prisões preventivas e 34 buscas foram realizadas nos dois estados. A PF ainda investiga ligações do grupo com outros crimes financeiros, ampliando o prejuízo estimado.


Defesa alega "prematuridade"
Procurado pelo Diário do Nordeste, o advogado Mayko Renan Alcântara, que representa parte dos investigados, afirmou que a defesa aguarda acesso completo às investigações para se manifestar. "Considerando ser prematura a explanação sobre os fatos, iremos aguardar o devido processo legal", declarou.


Impacto e alerta para o sistema financeiro
O caso expõe vulnerabilidades em instituições de pagamento e bancos digitais, alvos frequentes de criminosos devido à agilidade na abertura de contas. Especialistas em compliance financeiro, como a consultoria Kroll Brasil, alertam que 73% das fraudes no país em 2023 envolveram documentos falsos, reforçando a necessidade de verificação rigorosa de identidades.


Enquanto a PF trabalha para rastrear o destino final dos recursos desviados, o episódio serve de alerta para o combate à lavagem de dinheiro – um desafio crítico em um país onde R$ 154 bilhões são movimentados anualmente por organizações criminosas, segundo o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). A Operação Biometrics ilustra como fraudes aparentemente locais podem esconder redes complexas, capazes de drenar recursos públicos e abalar a confiança no sistema financeiro.

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